A viver nos EUA desde 2014, José Castelo Branco, de 54 anos, divide os seus dias entre a butique na qual trabalha, sessões fotográficas, desfiles de moda e… aulas de teatro. O resto do tempo é dedicado à mulher, Betty Grafstein, de 88, que sofre com um problema cardíaco que a impede de andar de avião. As saudades de Portugal são muitas, mas ainda mais as que sente do filho, Guilherme, que não vê desde que partiu com as suas malas Louis Vuitton para ser uma diva na “Big Apple”.
O José mudou-se definitivamente para Nova Iorque em 2014. Como está a sentir-se longe de Portugal?
Continuo a assentar os meus pés cá. Mas, às vezes, sinto-me como uma rainha no exílio. Não digo que não volte a Portugal, mas só quando o povo estiver sedento e me chamar. Só volto quando os portugueses me quiserem.
Mas tem estado com fãs portugueses que vivem nos EUA.
Gosto de estar com as pessoas que me amam. Já fui comer sardinhas assadas e leitão com elas.
Tem feito produções fotográficas e outros trabalhos na área da moda.
Estou a fazer imensos! Já estou a preparar-me para, pelo menos, três desfiles que vou fazer na Fashion Week [Semana da Moda em setembro]. Vou encerrar os desfiles. Serei ‘the star of the show’ [a estrela do espetáculo]. Tenho ainda agendada uma grande produção para um estilista que está a ser uma grande aposta da revista “Vogue”. E também comecei a trabalhar com a minha amiga e professora de Teatro na sua butique de peças de alta costura em segunda mão. Toda a gente tem peças em casa que nunca chegou a tirar as etiquetas. Fica em cima de um dos restaurantes mais finos de Nova Iorque.
Qual é o papel do José na butique?
Vou estar lá regularmente a fazer o styling das clientes. Monto as mulheres da cabeça aos pés. Elas adoram-me! Uma das nossas clientes é a Gloria Vanderbilt, a mãe do jornalista Anderson Cooper do canal CNN, que se assumiu como “bicha”. Ela é maravilhosa!
Em simultâneo ainda frequenta aulas de teatro?
Estou na universidade e a ter aulas privadas com a professora Tatiana, que é uma ótima atriz. Mas estou proibido de fazer publicidade.
Iremos poder vê-lo em breve numa produção como ator?
Quem sabe… Representar está-me no sangue. Sou um camaleão como a Madonna. E os professores não querem que eu perca a minha espontaneidade. Sempre fui um animal de improviso.
O seu nome foi mencionado para o próximo reality show da TVI que irá estrear em setembro.
Tenho recebido vários convites, mas só regresso quando os portugueses me quiserem. Não digo que não volte a um reality show ou para uma outra grande produção, mas só sabendo bem as condições e quem lá estará também. Sou uma pessoa de desafios.
E traria a Betty para Portugal?
Não posso… Por isso é que nunca mais fui. A Betty tem um problema de coração e não pode andar de avião. E também não pode ser operada. Depois dos 80 seria um risco muito grande uma anestesia geral. E também tem um problema nos olhos. Esteve mesmo em risco de cegar. Ela agora é obrigada a levar injeções na retina de cinco em cinco semanas. Um horror!
Em julho ela esteve internada com um pneumonia. Está recuperada?
Felizmente, sim! Quando ela fica doente eu também fico. É impressionante! Então vou com ela para o Lenox Hill Hospital e aproveito para fazer umas máscaras de oxigénio, que é ótimo. Adormeço e tudo com as máscaras. As médicas ficam doidas comigo.
Em novembro celebra 24 anos de casamento com a Betty. Qual o segredo para a vossa união?
Queridos, não há segredos! O que deve existir sempre é uma relação de honestidade, amizade, transparência e amor, tal como nós temos. Só assim é que as pessoas não se desligam.
Acredita no casamento para a vida?
O meu primeiro não correu bem, mas deu-me algo precioso que foi o meu filho Guilherme. Mas com a Betty acredito que é para a vida. As pessoas preocupam-se muito com o sexo, quando o mais importante é o amor sincero. Claro que nem tudo são rosas, e, de vez em quando, há espinhos. Nós é que temos de fazer com que o casamento resulte.
Em Nova Iorque faz as tarefas domésticas? Limpa, cozinha…?
Claro! Gosto mais de cozinhar cá do que na casa de Sintra. Em Nova Iorque temos uma cozinha mais pequena e não tenho os empregados todos a andar de um lado para o outro.
O seu filho Guilherme continua em Portugal. Há quanto tempo não se veem?
Estou cheio de saudades. Não vejo o meu filho há dois anos. Estive para ir visitá-lo a Portugal, de forma anónima, mas a pessoa que ia ficar com a Betty acabou por não poder. Ele está a trabalhar muito e ainda não teve tempo para vir cá.
Mas têm falado regularmente?
Claro! Ele está ótimo. Vive com a namorada. E esteve na Áustria com um amigo.
Sente-se pronto para ser avô?
Credo! Nem me fale nisso. Já disse ao Guilherme: “Não me faça um coisa dessas”. Ainda não tenho idade nem estou preparado. Talvez daqui a dez anos. E terei de arranjar algum nome para a criança me chamar que não seja avô.
Mas gosta de crianças?
Adoro! Os filhos dos outros… Faço regularmente voluntariado no Bellevue Hospital, em Nova Iorque, e adoro os mais pequenos.
Temos acompanhado um pouco do seu dia a dia em Nova Iorque pelo seu Instagram.
Tem sido uma verdadeira loucura. Só no outro dia respondi a mais de 200 mensagens que me enviaram. Se as pessoas me mandam mensagens, esperam resposta. Então eu falo com elas e mando-lhes beijinhos e os parabéns.
As redes sociais ajudam-no a estar mais próximo das pessoas?
Sim, mas com o Facebook foi terrível. Tinha tantos perfis falsos que fartei-me. O neto da Betty, que trabalha no Google, aconselhou-me a ter um meu. Mas comecei a ser muito assediado. Eram fotos de pilinhas, pipis… Uma pouca-vergonha! Uma amiga criou-me então um Instagram, mas não sabia mexer nele. Outro amigo, que esteve cá em junho, começou a ajudar-me a fazer pequenos filmes para publicar. Ele foi-se embora e eu continuei a fazer os meus vídeos.
Qual a sua opinião sobre o seu Presidente Donald Trump?
(Grita!) Não quero nem falar sobre essa persona. Aflige-me! Se digo tudo o que penso, ainda me prendem!
Vídeo relacionado: José Castelo Branco desfila na Semana da Moda de Nova Iorque.