Na série “País Irmão”, Paula Lobo Antunes, 41 anos, interpreta Rute, uma maquilhadora e cabeleireira de novelas muito frenética. Para o papel, teve de cortar o cabelo curto, um visual que agradou ao marido, o ator Jorge Corrula, e à filha, Beatriz, de 4 anos, que está sempre a elogiá-la. A viver uma fase de mudanças no trabalho, não esconde que tem o desejo de aumentar a família já no próximo ano.
Na série da RTP1, a Paula trabalha com alguns atores brasileiros. Esta não foi a primeira vez.
Fiz a “Escrava Isaura”, na TV Record, em 2004. Receberam-me muito bem. Sinto que devo acolhê-los como fizeram comigo, mostrar como trabalhamos e fazê-los sentirem-se em casa.
E como fez isso?
Dei dicas e aconselhei-os a visitarem o Alentejo, por exemplo, que é um dos meus locais preferidos em Portugal. Sugeri irem aos fados e a alguns restaurantes. Mas depois sugeri lojas onde arranjar as unhas, o cabelo… Coisas simples que eu também precisei quando vivi em São Paulo.
Não estamos habituados a vê-la neste registo de comédia. Como foi?
Não é a primeira vez que faço comédia. Mas “País Irmão” também não é uma comédia óbvia, é mais subtil. É uma sátira. Porque as situações são tão dramáticas que fazem rir. São irónicas. A minha personagem é muito engraçada, faz parte do núcleo da novela. A Rute é caracterizadora, maquilhadora, cabeleireira. Depois, faz o guarda-roupa, faz a produção. Faz um bocadinho de tudo. E é daquelas mulheres frustradas que quer fazer um bom trabalho mas não é fácil.
Fazer de tudo um pouco é uma característica muito portuguesa…
Sim, completamente. Usei toda a experiência que tenho de fazer novelas para fazer esta personagem. Há um caos, mas depois tudo funciona com o desenrasca. Por exemplo, a personagem não tem sapatos. Resolve-se logo, não filmando os pés. E isto acontece na realidade.
Estão a desvendar o mundo das novelas. Não é perigoso?
É fundamental contarmos às pessoas o que se passa, pois o público não tem a noção de como é difícil gravar novelas. Vão ficar a saber as particularidades dos atores, de como os argumentos são criados quando há interesses superiores, etc…
Mudou de visual para fazer esta série. Quem sugeriu este corte radical?
Foi um conjunto. Estava a falar com o realizador, o Sérgio Graciano, e ele perguntou-me se queria rapar o cabelo. Disse logo que sim e sugeri o estilo.
Sente-se uma Paula diferente, mais ousada?
É muito engraçado a liberdade que temos ao ter o cabelo curto. As mulheres usam o cabelo como um acréscimo da sua personalidade e este não permite isso. Não tenho como me esconder. Essa parte é muito libertadora. E depois é muito fácil de manter.
Como reagiram lá em casa?
O Jorge adorou e a minha filha também. No início disse que não, mas depois já disse que sim. Ela pega no cabelo e diz em inglês “I love your hair” [Adoro o teu cabelo]. É tão fofa!
Então quer dizer que é para manter?
Até à próxima produção. Não sou dona do meu cabelo: são as personagens que ditam o meu visual.
Tem o desejo de ser mãe outra vez. Quando será isso?
Há essa vontade. Se calhar para o ano. Não há planos definidos, mas gostava muito de ter outro filho.
A Beatriz pede um mano?
Todos os dias! Temos de ver como é que ela vai reagir também.
Quando volta a fazer novela?
Agora estou mais focada em fazer séries. Fiz a novela “O Sábio”, que está no ar. Mas estou aberta a fazer todos os géneros desde que a personagem seja desafiante.
Vai-se manter na RTP?
Está a funcionar. Tem sido bom. Neste momento não sou exclusiva de nenhum canal. Tenho liberdade. Quando uma pessoa está numa estação, está condicionada a fazer o mesmo género de trabalho. E estava numa fase que precisava de fazer outras coisas e trabalhar com outras pessoas. Não descarto voltar para a TVI ou para a SIC. Foi engraçado que quando deixei de ser exclusiva recebi várias propostas.
Está numa fase de arriscar ?
Sim. É preciso confiar e pensar que já fiz bom trabalho e as pessoas já me conhecem. É um risco mas faz parte. É bom viver na corda bamba.