Matias Damásio abriu o coração este sábado, 27 de outubro, para falar sobre a sua vida e carreira em “Alta Definição”. O cantor lembrou a sua infância, marcada pela pobreza e pela guerra civil em Angola, onde o limite dos sonhos era viver o amanhã.
Matias recordou ainda a sua vida junto dos irmãos. “O momento para mim mais difícil foi quando eu perdi um irmão que se chamava Guilherme por falta de assistência médica (…) Aí senti ‘Vou desistir que isto não é para todos’. Há pessoas que nasceram para sofrer e há pessoas que nasceram para crescer e para subir na vida. A pobreza nasceu connosco”, sublinhou.
Numa altura em que a mãe trabalhava o dia inteiro como lavadeira e não tinha recursos financeiros para pagar uma ama, Matias e um outro irmão, Jaime, ficavam encarregues de tomar conta de Aurélio, hoje com 21 anos. Como todas as crianças, o menino horava com frequência.
“Pegávamos nas tampas [dos tachos] e batíamos e quando nós batíamos ele calava-se. Fomos dar conta que, naquele processo, danificámos o aparelho auditivo do meu irmão. Hoje, sabendo um pouco mais de como cuidar de uma criança, eu sinto que ele sofreu muito. O Aurélio tem graves problemas de audição. Melhorou muito, há coisas que naturalmente melhoraram, mas nós somos os verdadeiros culpados dessa situação”, confessa.
Hoje com 36 anos compreende a gravidade do que aconteceu. “Todos os dias que olho para o meu irmão olho com o sentimento de não ter conseguido perceber que aquilo não era uma coisa correta”, conclui.