A “guerra” entre a SIC e Cristina Ferreira começou a 17 de julho, quando foi confrontada com as negociações secretas para se mudar de novo para a TVI, quebrando o contrato que a ligava à estação de Paço de Arcos até ao final de novembro de 2022. O valor da indemnização foi apurado com base no incumprimento do contrato, mas também no prejuízo calculado com a perda de receitas em IVR (chamadas de valor acrescentado), publicidade, patrocínios e ações comerciais. “Foram várias marcas que estavam ligadas a ‘O Programa da Cristina’ e que cancelaram de imediato os contratos porque terminou. Tem sido muito dinheiro perdido”, garante um profissional que está por dentro destas questões. “Mal estreou o ‘Casa Feliz’, houve várias marcas que saltaram fora. Uma das presenças constantes no programa era a de uma cadeia de supermercados que saiu logo. Isso representa um grande rombo”, acrescenta uma outra fonte.
A SIC deu um prazo de 15 dias a Cristina Ferreira para pagar a indemnização, que termina no dia em que ela assume funções oficialmente na TVI, a 1 de setembro. A estação de Pinto Balsemão dá-lhe ainda a alternativa de apresentar um plano de pagamento do montante, que poderá ser em parcelas. Só que já se sabe que isso não vai acontecer.
A apresentadora quer estar apenas concentrada no trabalho que a espera em Queluz de Baixo e colocou o assunto nas mãos da sua equipa de advogados. “Apesar de ter ficado bastante irritada quando tomou conhecimento da atitude da SIC, a Cristina está tranquila”, defende uma fonte próxima da nova diretora, revelando que esta tem um trunfo na manga para a sua defesa: “Ela rescindiu por justa causa. No contrato que tinha com a SIC, houve várias cláusulas que nunca foram cumpridas”. E aponta: “Além do programa das manhãs, a Cristina também tinha negociado a condução de um grande formato de entretenimento. Ela queria ter como convidados estrelas internacionais. Isso nunca se concretizou e ainda teve de apresentar o concurso ‘Prémio de Sonho’, sabendo que naquele horário é difícil ganhar as audiências, que desde há muito tempo são do Fernando Mendes com ‘O Preço Certo’ (RTP1)”.
Neste tema, todavia, há informações contraditórias. Uma outra fonte confessa à nossa revista que, nos últimos tempos, Cristina Ferreira vinha a adiar a sua estreia no horário nobre. “Ela quis estar sempre concentrada nas manhãs e o programa dela só não arrancou mais cedo porque ela também o foi adiando. Já era para ter vindo no início do ano, depois seria em setembro, mas, por causa da pandemia de Covid-19, tudo foi alterado. Claro que ela se fartou”, explicam-nos. E exemplificam: “Quando foi lançado o ‘Tina Show’, era uma hipótese aquilo passar a programa independente ao fim de semana, mas a própria mostrou pouca vontade de o fazer fora de “O Programa da Cristina”.
Foi então que acabou por se chegar ao formato colombiano “A Outro Nível”, cuja estreia estava agendada para o final do ano, algo que já não deverá acontecer. E não é tudo, de acordo com este elemento que fala à TvMais. “Ela tinha o cargo de consultora executiva da Direção-Geral de Entretenimento, só que nunca desempenhou em pleno essa função na SIC, pois não lhe era dado poder de decisão, o que muito a desiludiu. Ela tinha boas ideias, até mesmo em relação à estratégia de comunicação do canal, que nunca pôde colocar em prática.” De acordo com a mesma fonte, Cristina Ferreira terá “provas concretas” para fazer a sua defesa, já que pretende ir até às últimas instâncias. “Tem uma excelente equipa de advogados. Ela sabe que tem tudo para ganhar à SIC se o processo seguir para os tribunais.” É o que deverá acontecer, já que a apresentadora confirmou em comunicado que a estação de Paço de Arcos a “interpelou ao pagamento de uma indemnização por lucros cessantes no valor de cerca de 20 milhões de euros”. E Cristina acrescentou: “Sobre esta matéria gostaria apenas de esclarecer que a referida quantia não tem qualquer fundamento ou base contratual, pelo que refuto em absoluto a pretensão daquela entidade, estando disposta a assegurar e defender os meus interesses até às últimas instâncias”.