Passou-se um ano e meio desde que Manuel Maria Carrilho, de 69 anos, foi absolvido, pela segunda vez, do crime de violência doméstica contra a sua ex-mulher, Bárbara Guimarães, de 47, com quem esteve casado 12 anos. Este processo, que se prendia com alegadas agressões, físicas e verbais, cometidas ainda durante o matrimónio pelo professor de Filosofia, fez correr muita tinta na imprensa. Durou mais de dois anos e teve mesmo um incidente de suspeição da juíza Joana Ferrer, com o Ministério Público e Bárbara Guimarães a pedirem o seu afastamento, mais do que uma vez, o que não foi atendido pela Relação de Lisboa. Em causa estava a forma como a apresentadora foi tratada pela juíza durante o julgamento. Agora, o caso volta a merecer a atenção dos magistrados.
Está já marcada uma nova audiência, para 16 de outubro, ao que tudo indica para se conhecer a decisão do Tribunal da Relação relativamente a um recurso intercalar de um despacho já proferido pela juíza Joana Ferrer – na qual esta defende que os factos em questão já foram alvo de uma sentença e que por isso não podem voltar a ser julgados – interposto pelo advogado de Bárbara Guimarães, José António Pereira da Silva. A sessão poderá marcar o reencontro entre o ex-casal, algo que a apresentadora tenta, a todo o custo, evitar.
Quando este e outros processos decorriam, Bárbara, após prestar os seus longos testemunhos, optou por não estar presente, para não estar perto do ex-marido. Aquele que outrora fora o homem dos seus sonhos, com quem partilhou uma parte da sua vida e de quem teve dois filhos, Dinis, com 16 anos, e Carlota, com 9, tornou-se no seu pior inimigo até aos dias de hoje.
Recorde-se que, apesar de neste processo de violência doméstica em que era também acusado de 23 crimes de difamação ter sido apenas condenado por um (que o obrigou a pagar 150 dias de multa, num total de 900 euros, e ainda uma indemnização de 3 mil euros por danos não patrimoniais a Bárbara Guimarães), Manuel Maria Carrilho teve uma pena pesada noutro crime de violência doméstica em que foi julgado, que se referia a atos cometidos contra a ex-mulher já depois de ter sido decretado o divórcio. O ex-ministro da Cultura foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão com pena suspensa por agressão e injúrias e violência doméstica, entre outros crimes cometidos contra Bárbara. Além disso, ficou proibido de se aproximar da mãe dos seus filhos mais novos, foi condenado a pagar-lhe uma indemnização de 50 mil euros e ainda a frequentar um curso para maridos agressores. Carrilho ainda recorreu da sentença, mas a Relação decidiu manter a condenação.
O professor, que tem passado os últimos anos na barra dos tribunais, foi ainda condenado noutros crimes relacionados com a ex-mulher: difamação do seu antigo padrasto, Carlos Teixeira Pinto; difamação do seu advogado, Pedro Reis; ofensa à integridade física de Pedro Strecht, pedopsiquiatra que acompanhou Dinis; e ameaça agravada a Paula Goulão, uma amiga de Bárbara.