A mulher violentada de “Golpe de Sorte” desapareceu para surgir a Júlia da novela “Nazaré”, uma personagem cheia de segredos. Para Oceana Basílio, 41 anos, foi divertido construir esta mulher que a obrigou a cortar mais de metade do cabelo. Numa conversa com a revista “TvMais”, falou de como enfrentou o confinamento, da relação com a filha, dos seus dotes culinários e de como cuida de tudo em casa, do refúgio preferido e do que significa para ela um “coração selvagem”, expressão que usa em todas as suas publicações nas redes sociais. Só José Fidalgo, com quem terminou o namoro há pouco tempo, é assunto quase proibido.
Como foi a receção dos colegas, uma vez que só chegou na 2ª temporada de “Nazaré”?
Foi ótima! O elenco era todo muito bem-disposto, muito unido, principalmente o meu núcleo, que era o António Pedro Cerdeira e a Rita Lello, duas pessoas com quem já havia trabalhado.
Teve pena de não integrar “Golpe de Sorte”?
Não. Para uma atriz, o que dá prazer é ter desafios. Neste caso, é passar de uma personagem completamente dramática para outra diferente. E, depois, porque a minha história no “Golpe” acabou, não fazia sentido continuar.
Como foi gravar nestas novas contingências?
Não foi, de todo, agradável. É sempre mais difícil ensaiar as cenas de máscara e apenas tirá-la quando gravamos. O ensaio acaba por não ser tão produtivo, porque com máscara não dá para perceber a reação do colega.
Com pandemia ou sem ela, a segunda temporada tem tido sucesso…
Estava um bocadinho expectante, embora não seja coisa em que pense muito quando estou a trabalhar.
Mudou bastante de visual, está com o cabelo mais curto…
Foi uma mudança radical, mas eu gosto. Antes também tinha mudado para morena para um telefilme da SIC. Sempre que é para uma personagem, adoro mudar de visual. Por exemplo, este look dá-me um ar mais velho, diferente. No dia a dia, tento ajeitar à minha maneira e ponho como gosto mais de me ver.
Como foi a sua quarentena?
Foi feita sozinha, mas arranjei maneira de que o tempo fosse produtivo. Foi uma fase de reflexão, de ponderação. Esta tragédia mundial fez-me pensar em muitas coisas… Como aproveitar o tempo, estar com as pessoas, o que quero daqui para a frente. Defini prioridades de uma forma diferente. E estive sempre ocupada. Levava os meus dias como se fosse sair, trabalhar. Estudei, li, fiz exercício, arranjava-me, fazia jantares virtuais com o meu grupo de amigos do Algarve, com a minha família e, depois, mais à frente consegui ter a minha filha [Francisca, de 16 anos], o que foi ótimo. Agora já consegui matar saudades do resto da família, até dos meus irmãos que moram fora, mas vieram cá para nos vermos a todos.
Como foi a reunião com a sua filha?
A minha filha é muito companheira. Estamos numa fase em que vemos as mesmas séries, os mesmos filmes, portanto acaba por ser agradável. Não vive comigo, falamos sempre todos os dias, mas tê-la por perto é outra coisa. Ter o cheirinho dela, o prazer de cozinhar para ela… é muito diferente.
Qual é o prato preferido dela que cozinha?
A Francisca gosta de várias coisas. Adora que cozinhe peixe e gosta de toda a minha comida, mas claro que o prato preferido será sempre um bife com batatas fritas e ovo estrelado. Isso é óbvio!
Cozinha bem?
Acho que sim. Pelo menos, gosto muito de cozinhar.
O público não a vê na cozinha. Está sempre ligada a uma imagem muito sensual…
Para já, não tenho empregada, portanto não só cozinho, como limpo e faço tudo o que há para fazer numa casa, passo a ferro. Sou uma verdadeira dona de casa e adoro tratar de tudo. Em fases mais complicadas arranjo alguém para me ajudar e a minha filha avisa logo que não vale a pena, porque vou a seguir fazer outra vez. E gosto muito de bricolage. A minha casa é feita de muitas coisas que arranjo e restauro. E também penso que as pessoas não têm de ter uma ideia daquilo que nós somos literalmente. Não faço questão de passar a realidade da minha vida. É muito mais interessante mostrar o meu trabalho, mas respeito quem o faz.
Gosta de estar em casa?
Muito! E adoro receber os amigos. Preciso do meu espaço, mas sou muito de estar com pessoas, embora possa não parecer. Quando dou por mim, tenho a semana toda marcada com encontros na minha casa. Sou apaixonada por estar com amigos, por me divertir, por aproveitar a vida. Sempre fui assim e continuo a sê-lo.
É um “coração selvagem” como põe nas suas publicações nas redes sociais em hashtag?
Quando digo coração selvagem tem a ver com a liberdade de cada ser na sua individualidade. Todos devíamos perceber que temos o direito de ter essa liberdade, saber dizer que não àquilo que não queremos, que nos faz mal, e sermos primeiro nós… As pessoas é que realmente importam e só depois vem tudo o resto.
Por falar em coração, está de novo sozinha?
E boa rapariga que, de certeza, sou.
Na relação com José Fidalgo expôs-se mais…
Peço desculpa, não vou fazer comentários.
Arrependeu-se dessa exposição?
Tudo na vida é uma aprendizagem.
Como se mantém em forma?
O meu corpo não é perfeito, aviso! Não posso mentir e dizer que faço mil e uma coisas. Adoro desporto desde sempre e tenho pais com ótima genética. Faço desporto, porque gosto e não por obrigação, e não faço dieta, para já. No dia em que sentir necessidade, irei fazê-lo. Na realidade, não faço nada de especial. Gosto de desportos radicais, na praia, gosto de skate. O meu único medo em envelhecer é perder a agilidade. É o que me assusta.