
Após ter apelado ao voto nas eleições para a Presidência da República e de ter manifestado o seu apoio a Marisa Matias, do Bloco de Esquerda, José Carlos Malato recebeu com surpresa e deceção os resultados no Alentejo, onde André Ventura, líder do Chega, conseguiu ficar em segundo lugar em diversos concelhos da região. Natural de Monforte, onde tem uma praça com o seu nome, o apresentador da RTP não perdeu tempo a comentar no Instagram os resultados que, no caso da sua terra, foram 31,41% de votos para Ventura, que ficou logo a seguir a Marcelo Rebelo de Sousa. E foi duro nas palavras, descontente com o rumo escolhido pelos habitantes. “O Alentejo é uma vergonha. Gente sem memória! Sou lisboeta, a partir de hoje.”
As duras críticas ao apresentador começaram a surgir de forma quase imediata. “Alentejanos como você não precisamos”, escreveu uma senhora numa das publicações de Malato. “Se tens vergonha do Alentejo, imagina os alentejanos de ti?!”, “Vá para Lisboa e não volte! O Alentejo não precisa de homens a pintar os lábios de vermelho” ou “O senhor, como figura pública que é, não deveria manifestar as suas tendências políticas dessa maneira, fica muito feio. Também não se esqueça de uma coisa: são os portugueses que pagam o seu chorudo ordenado e neles estão incluídos os alentejanos que o senhor tão maltratou. Faça uma reflexão e peça desculpa Na minha humilde opinião, é o mínimo que pode fazer” são alguns dos muitos comentários menos abonatórios que encheram a rede social do comunicador. A atriz Maria Vieira, apoiante do Chega, também não se calou, proferindo injúrias dirigidas a José Carlos Malato. “E depois vem esta criatura infeliz e mal-amada, vem este Malato que nada realiza, que nada produz e para que nada serve, vem este ‘animador’ de pantalha que vive à custa do dinheiro público, do dinheiro suado pelos mesmos que agora insulta, vem esta personagem de olhos tristes e vazios afirmar publicamente que ‘o Alentejo é uma vergonha’, injuriando assim a inteligência, o carácter e as escolhas de um povo que é a antítese dos Malatos desta vida”, afirmou.
Mas a revolta dos alentejanos não ficou por aqui. Depressa foi criada uma petição pública, que circula desde o dia 27 de janeiro, para que o nome do largo em homenagem ao apresentador da RTP, embaixador do Alentejo, seja alterado. A petição “Mudar o nome da Praça José Carlos Malato”, que até à data já tem mais de quatro mil assinaturas e algumas propostas para o novo nome, demonstra o descontentamento dos monfortenses e não só. A essa manifestação pública, juntaram-se também ameaças de que tem sido alvo desde então. “Ele tem sido muito atacado, tem sofrido diversas ameaças. Os alentejanos ficaram furiosos com o que disse. Devia ter sido mais sensato”, garante fonte ouvida pela nossa publicação.
Às críticas, e contactado pela TvMais, Malato responde de forma serena. “Não alimento ódios que nada têm a ver com o Alentejo”, disse, referindo que não se deixa levar pelo medo: “Todos estamos sujeitos ao ódio, especialmente as minorias. Cada vez mais, infelizmente. Temos de viver com isso. Resistir e não alimentar. O futuro vai dar-nos razão. Quero estar do lado certo da história”. Já sobre as ameaças, prefere não adiantar o assunto. “Nada mais a declarar, por enquanto”, frisou o comunicador, que já vendeu o monte que tinha em Monforte e de que não usufruía muito.
Goucha longe de polémicas
Com um monte na mesma zona de onde é oriundo José Carlos Malato, Manuel Luís Goucha tem estado alheio a esta polémica que envolve o colega e antigo vizinho. “Não faço a mínima ideia, sinceramente. Fui ao Alentejo no passado fim de semana, mas não saí do monte, não fui à vila, ainda por cima agora em confinamento. Mais importante que insultar quem votou André Ventura é tentar perceber porque o fizeram, que razões
os levaram a votar assim”, sublinhou.