
Na sequência da notícia das mortes de Carlos e Júlio Costa, do Trio Odemira, Tânia Ribas de Oliveira usou o Instagram para dedicar palavras emocionadas aos músicos. A apresentadora da RTP recordou da família em que as músicas do Trio Odemira foram um importante elemento.

Lembro-me muitas vezes do meu avô a passar a ferro na marquise. O meu avô adorava passar a ferro a ouvir música e dizia com orgulho que passava imaculadamente todas as minhas fraldas. A memória que tenho do meu avô na marquise inclui um rádio cinzento com cassetes, onde rodava vezes sem conta a música do seu Trio de eleição: o Trio Odemira. E ouvia também Amália, Duo Ouro Negro e António Variações. Mas os Trio Odemira eram a companhia perfeita na marquise e cantávamos sempre juntos “Anel de Noivado” do princípio ao fim. Ainda sei de cor:
“A igreja estava toda iluminada
Muita gente convidada
Eu também fui para ver
Ninguém sabe a tristeza que sentia
Porque mesmo a esse dia
Casava a mulher amada…”
Muitos anos mais tarde, tive a oportunidade de conhecer e entrevistar várias vezes os Trio Odemira. Contava-lhes esta e tantas outras histórias da minha infância, onde eles surgiam sempre como banda sonora. Pedia-lhes se me podiam cantar à capela o “anel de noivado” e chorava sempre. Pela generosidade deles, por aquelas vozes tāo bonitas e pelas memórias tão doces que me traziam. E o meu avô, emocionado, a assistir na televisão. O Carlos partiu na semana passada, dia 11, aos 80 anos. Ontem, apenas cinco dias depois, partiu o irmão Júlio, aos 85. Fica o meu abraço para o Mingo e a certeza de que saberei sempre ouvir Trio Odemira com o coração enternecido de saudade. Nunca os esquecerei. Que descansem em paz.
O Trio Odemira é um grupo musical português fundado em 1958. Com mais de 60 anos de carreira, obteve reconhecimento graças a temas populares alentejanos. Além de Carlos Castro e Júlio Costa. o grupo era ainda composto por Mingo Rangel.