A poucos dias da grande final de “Big Brother”, aquela que é a “Voz” mais conhecida do País aceitou (pela primeira vez) conceder uma entrevista e fê-lo à revista TvMais. Ouvimo-lo pela primeira vez em “Casa dos Segredos 1” (em 2010) e, desde então, é uma figura central em grande parte dos reality shows da TVI. São 11 anos no papel de soberano da “casa mais vigiada do País”. As edições e momentos que mais o marcaram, o que disse quando reconheceram a sua voz na rua, se algum dia apresentaria as galas em direto no estúdio ou quando planeia retirar-se dos realities. Estas e mais questões foram respondidas com o seu bom humor já bem conhecido de todos.
Qual o balanço destes 11 anos como a “voz” da Casa?
“Não costumo perder muito tempo com balanços porque o caminho faz-se para a frente, mas quando olho para trás não posso deixar de me surpreender: profissionalmente foram 11 anos muito intensos, aprendi com os melhores e sei que deixei a minha marca. É um grande privilégio e um motivo de orgulho e satisfação pessoal poder tocar nas vidas de tantas pessoas.”
Qual a edição que mais gostou de fazer?
“Não posso responder a esta pergunta, tal como não quero escolher o meu livro preferido, o filme da minha vida ou a melhor música de todos os tempos. Sou apaixonado pelo que faço e não consigo, nem quero, escolher.”
Consegue destacar um momento que mais o tenha marcado particularmente até hoje?
“Talvez não seja evidente para o público, mas a intensidade com que se vive num reality show é gigantesca, todos os dias são vividos a 1000% dentro e fora do ecrã. Cada programa tem momentos de tensão, emoção e animação. São 40 minutos que resumem um dia cheio de emoções em conflito. Isto multiplicado por centenas de programas faz com que sejam milhares os momentos profundamente marcantes, às vezes contraditórios, mas sempre verdadeiros. Não quero deixar de responder e posso destacar, por exemplo, a expulsão do Wilson, por ter contornos que envolvem emoções dentro e fora da casa, o que é importante para que se perceba que há muitas dimensões a considerar, muito para além do que se passa aos olhos do espectador.”
Se tivesse de gravar um vídeo de apresentação, tal como os concorrentes fazem no início do programa, o que diria sobre si?
“Nada, o público já me conhece e o meu trabalho fala por si, sou eu, sem filtros.”
De que signo é?
“Eis a pergunta que vai mudar o rumo da humanidade… Muahahaha”
Uma voz (de uma figura pública nacional) que adore?
“A única voz que tento ouvir sempre atentamente, é a da razão.”
De todas as edições, qual o concorrente que mais o marcou pela positiva. E pela negativa? Porquê?
“Todos os concorrentes são pessoas diferentes, cheios de defeitos e qualidades, como todos nós. Com todos falo durante horas, a todos tento chegar, por todos tenho carinho e gratidão pelo que me ensinam, por confiarem em mim. Não escolherei, nunca escolherei entre eles.”
O que precisa ter um bom concorrente de reality show?
“Muita coragem, para se expor. É por isso que respeito tanto cada um deles.”
“Já chorei muito, ri muito e gritei muito com eles no confessionário. É por isso que vale a pena vir trabalhar todos os dias”
(Big Brother)
Qual o melhor conselho que pode dar a um futuro concorrente?
“Dou sempre o mesmo conselho a todos, penso que é o mais importante: Lembrem-se que não vale de nada serem conhecidos, criticados ou adorados, pelo que não são. Que ao saírem saibam que foram iguais a eles próprios. Há sempre quem não goste? temos pena!”
O que significa a expressão muitas vezes usada por si: “Seu rústico”?
“Sugiro que consulte um dicionário, seu rústico! Muahahahah. A primeira rústica de que me lembro era interpretada pela grande Margarida Carpinteiro e contracenava com Herman José, no Tal Canal, corriam os anos 80.”
Além do “recipsiente” da Cátia, o “bates fortes cá dentro” da Fanny ou a “xaroca” da Bernardina, que outras expressões não esquece?
“Há muitas, mas as que me ocorrem agora são da Fanny que parecia uma fonte de expressões inesquecíveis, mas quase todas irreproduzíveis. Ainda hoje me rio muito com algumas delas.”
Acha que os concorrentes o veem mais como um elemento de autoridade ou um confidente/amigo? Porquê?
“Lá está uma excelente pergunta para lhes fazer a eles.”
“Os concorrentes não precisam de deixar de ser autênticos, mas reconheço que os tempos mudaram bastante, há que ser mais sensível e reconhecer os erros sem medos, não somos perfeitos”
(Big Brother)
Costuma levar os problemas dos concorrentes para sua casa?
“Digamos que, ao fim destes anos, consegui reduzir a muito poucas as vezes que sonho com eles. Acordado, é mais difícil desligar.”
Já chorou com algum deles no confessionário? Com quem?
“Claro que já chorei muito, ri muito e gritei muito com eles no confessionário. É por isso que vale a pena vir trabalhar todos os dias.”
Qual é o seu segredo para manter a calma quando existem situações de agressividade?
“Não é segredo, simplesmente sou daquelas pessoas que ficam mais calmas quando tudo se desmorona à minha volta. Já quando está tudo calmo…”
“O que me tira mesmo do sério é uma crítica injusta a um concorrente. Na vida, tenho mais dúvidas que certezas e lido mal com as certezas absolutas que são geralmente, na minha modesta opinião, fruto da ignorância”
(Big Brother)
Em comparação com anteriores edições, hoje os concorrentes são mais conservadores e têm mais cuidado com o que dizem para não serem criticados pelos comentadores ou pelo público. Acredita que os concorrentes são menos autênticos por isso? E como seria ter hoje na casa uma pessoa com o perfil da Bernardina?
“Acredito que os concorrentes não precisam de deixar de ser autênticos, mas reconheço que os tempos mudaram bastante, há que ser mais sensível e reconhecer os erros sem medos, não somos perfeitos. A Bernardina esteve recentemente na casa, mais madura, é verdade, mas igual a ela própria.”
O que o tira do sério e o que lhe dá mais gozo neste jogo da vida real?
“O que me dá mais gozo, sem dúvida, é trabalhar todos os dias para conhecer os concorrentes e conseguir, às vezes, muito raramente, em momentos que são verdadeiramente mágicos, chegar a conhecê-los melhor do que eles se conhecem a eles mesmos. É fascinante. O que me tira mesmo do sério é uma crítica injusta a um concorrente. Na vida, tenho mais dúvidas que certezas e lido mal com as certezas absolutas que são geralmente, na minha modesta opinião, fruto da ignorância.”
Gostava de partilhar o “palco” e que a casa tivesse duas vozes? Que voz feminina poderia estar ao seu lado em simultâneo?
“Aprecio a sinceridade e a transparência por isso respondo com desassombro: não gostava. Odiava.”
Era capaz de participar, enquanto concorrente no “Big Brother” ou na “Casa dos Segredos”?
“Não tenho o menor interesse nisso, acho que já se percebeu que não sou motivado pela fama, caso contrário já teria aparecido ao público há muito tempo. Quanto a testar os meus limites, outra das motivações invocadas pelos meus concorrentes, acho que eles testam os meus limites diariamente e já me basta muito bem. Muahahahah”
“Neguei até à morte e disse: Que despautério“
(Big Brother, quando reconheceram a sua voz na rua)
Quando pondera reformar-se enquanto “voz” dos realities?
“Ninguém é insubstituível e por isso posso sair a qualquer momento. Não tenho nenhuma pretensão a esse respeito. Do meu lado, sairei assim que sentir que o meu contributo deixou de ser necessário ou deixou de ser reconhecido como uma mais valia.”
Já reconheceram a sua voz na rua? O que respondeu?
“Claro que sim! Neguei até à morte e disse ‘que despautério’“
Tem alguns cuidados especiais com a sua voz?
“Não sou muito dado a grandes cuidados comigo próprio mas obrigo-me a proteger-me mais durante os meses em que estou no ar.”
No “BB – Duplo Impacto” apareceu aos finalistas. Porquê?
“Apeteceu-me, cedi a um impulso, coisa que normalmente controlo bem. É difícil, para mim, conviver tão intensamente, de forma tão intima, com os concorrentes, durante meses e nunca chegar a olhar para eles cara a cara. No fundo, tenho por eles a mesma curiosidade que têm por mim.”
“Nunca planeei tornar-me a voz mais famosa do país”
(Big Brother)
Algum dia vai revelar a sua identidade ao público? Ou será que, sem sabermos quem era, já o vimos na televisão?
“Não faz, nunca fez, parte dos meus planos. Tal como nunca planeei tornar-me a voz mais famosa do país.”
Prefere: “Casa dos Segredos” ou “Big Brother”?
“Um reality faz-se com pessoas, é disso que vive e são elas que me marcam, por isso estejam eles onde estiverem, o importante são os concorrentes e não tanto o formato em que estão inseridos.”
Imagina-se um dia a apresentar as galas de um reality show?
“Claro que sim, sou um excelente comunicador e conheço a casa como ninguém. Também me imagino como médico ou piloto de aviões.”
Quem gostava de ver como concorrente no “BB Famosos”?
“Respondo sempre da mesma forma a esta pergunta: só interessa quem está e quem está de fora não racha lenha. Famosos ou não, assim que abrir as portas da casa, serão meus concorrentes, os escolhidos, não os trocaria por ninguém. Sempre olhei para os diferentes grupos de concorrentes desta forma e não vou mudar.”
“Famosos ou não, assim que abrir as portas da casa, serão meus concorrentes, os escolhidos, não os trocaria por ninguém. Sempre olhei para os diferentes grupos de concorrentes desta forma e não vou mudar”
(sobre o ‘Big Brother Famosos’)
Também trabalha no Natal?
“Digamos que seria eticamente inaceitável, para mim, deixar 6 pessoas que estão sob a minha responsabilidade, ao meu cuidado durante meses, sozinhas no dia de Natal. Não é trabalho, é respeito e carinho.”
O que deseja para si para 2022?
“Nada mais do que desejo a todos os espectadores que ao longo dos últimos 11 anos gostaram de estar comigo nesta novela da vida real.”
Descreva os seguintes apresentadores em uma palavra:
Júlia Pinheiro:
“Multifacetada”
Teresa Guilherme:
“Apaixonada”
Manuel Luís Goucha:
“Elegante”
“Cláudio Ramos:
“Espontâneo”
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