Desde 2008 que a conhecemos, quando protagonizou a sexta temporada de “Morangos com Açúcar”, mas só agora terá a oportunidade de mostrar aos portugueses quem é a Laura Galvão para além da atriz. E logo na primeira gala de “Big Brother Famosos” levantou um pouco a ponta do véu sobre a sua história, recuperando o trauma que marcou a sua infância, sem, contudo, revelar ao certo a quem se referia. Há dois anos, no programa “Você na TV!”, de resto, já havia contado o que sofrera, mas também nessa ocasião se referia a esta pessoa sem nunca dizer que era seu pai. A Manuel Luís Goucha e Maria Cerqueira Gomes justificou que o faz “para a proteger, porque sei que sofreu imenso na vida e há sempre uma razão para as pessoas serem como são”.
A concorrente do reality show da TVI tinha 13 anos quando decidiu abandonar a casa da mãe e mudar-se para a casa do progenitor, em Pedrógão Grande. Fê-lo, “porque essa pessoa também merecia estar comigo e era isto que ouvia constantemente”, admitiu. Decisão que deixou a mãe, Isidora, muito triste. O que viveu no novo lar foi tudo menos o que esperava. Confessou aos apresentadores que à sua espera tinha um caderno de exigências. “Era obrigada a fazer desporto, tinha várias rotinas, tinha de ter boas notas e ajudar em casa”, lembrou, clarificando que “não o queria fazer, preferia brincar, passear”, mas tal não podia acontecer. “Aos 13 anos, já não brincava”. O pesadelo estava apenas a começar. “Tinha-me sido mostrado um lado dessa pessoa que eu rapidamente descubro que não existe. E quando o descubro, tento sair e voltar para a minha mãe e não consigo, porque me foi proibido o contacto com ela”, prosseguiu, acrescentando: “Na escola sou vigiada pela GNR local e pela pessoa. Foi criado um controlo sobre mim, queria saber o que é que eu fazia, para onde é que ia”.
Tentou matar-se duas vezes
Com tanto controlo, a atriz sentia-se cada vez pior e tentou suicidar-se por duas ocasiões. “Uma delas estava em casa a realizar as minhas tarefas e numa fase em que estou a arrumar o meu quarto, a limpar as janelas, decidi beber o limpa-vidros”, recordou. Foi hospitalizada, teve de ser submetida a uma lavagem ao estômago e acabou por ter alta, dois dias depois. E permaneceu em silêncio. “Tinha sempre receio de sofrer outras consequências, então nunca disse nada”, afirmou. Perante tudo isto, Laura Galvão tentou fugir de casa, mas sem sucesso. E aí o controlo de que era vítima aumentou. “Até que consigo o contacto de uma tia minha, que fala com a minha mãe: combinamos um ponto estratégico para nos encontrarmos e a hora. Tudo foi cronometrado e eu consigo fugir, escondendo-me no pinhal — que rodeia a aldeia onde vivia — e esperar que o carro da minha mãe passe”. Tinha então 15 anos quando conseguiu regressar para junto da progenitora. Hoje, mantém uma relação distante com o pai. “Essa pessoa desiludiu-me, mas não deixei de a amar. Perdoei-a.” E, apesar de assegurar que tudo está esclarecido, em 2019, na mesma entrevista, explicou que depois de, ela própria, ter sido mãe “deixei de me dar com essa pessoa, não quero a minha filha a conviver com este tipo de pessoa”. A mãe só soube de tudo anos depois. “Quando ela me foi buscar, eu estava completamente destruída e ela tentou reconstruir novamente a menina dela. Aí ela soube de tudo, pois até lá não estava a par de nada”, contou. Ainda frequentou psicólogos e psiquiatras, tomou muita medicação, mas foi o teatro que a salvou. Sem querer, encontrou a sua vocação. “Aí consigo com o Carlos Avilez [um dos fundadores do Teatro Experimental de Cascais] arrumar estas caixinhas todas.”
PAI fez queixa da TVI à ERC
Laura Galvão nunca se refere ao pai quando conta esta história, mas a visita ao “Você na TV!” em 2019 causou-lhe problemas e também ao canal de Queluz de Baixo. É que Luís Galvão decidiu apresentar queixa contra a TVI na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) por violação do direito à honra e ao bom nome no programa “Você na TV!”. O queixoso alegou, inclusivamente, que “a história contada pela sua filha no programa não corresponde à verdade e que foi posto em causa o seu direito ao bom nome”, mas o caso acabou por não dar em nada.