
Às 8 horas da manhã, o bairro de São Vicente, em Lisboa, ainda dorme, mas o sossego está prestes a terminar. A chegada de Miguel Costa ao coração histórico da cidade das Sete Colinas é feita com muita energia, boa disposição mas também simpatia.
O ator que há cerca de um ano assumiu as reportagens do programa das manhãs da SIC, “Alô Portugal”, é um furacão tanto à frente das câmaras como nos bastidores e desta vez vem aprender a fazer azulejos na Cerâmica de São Vicente. “Espero não partir a loiça toda”, diz, sorridente. De microfone em punho, e logo no primeiro direto a que a TvMais assistiu, vai contando piadas e aborda quem passa. Do outro lado, as pessoas são recetivas àquela energia. E os abraços só não são mais frequentes porque ainda estamos a viver uma pandemia. Aliás, tal como a todos, a Covid-19 apanhou Miguel Costa de surpresa e mudou-lhe a vida. “Sei bem o que é estar com dificuldades. No primeiro confinamento, estava a fazer teatro com temporadas esgotadas e, de repente, fecha a torneira. Tenho família, filhas para cuidar e foi difícil. Mas considero-me uma pessoa sortuda e tive a sorte de acreditarem em mim para fazer este trabalho, de me desafiarem…”, começa por contar.
O grande responsável por o ator assumir as reportagens do programa apresentado por Ana Marques e José Figueiras foi Daniel Oliveira, o diretor de Programas do canal de Paço de Arcos. “Aquele grande maluco!”, diz Miguel, bem-disposto e grato. “Este trabalho é muito importante por vários motivos: porque estou muito feliz, porque é financeiramente muito importante ter trabalho regular. E faz-me acordar com pica. Por mais cansado que às vezes esteja, tenho pica!”, assegura. A reportagem também não lhe era de todo desconhecida. “Tenho uma página nas redes sociais que é o Mini-Atleta e fazia muitas entrevistas e tinha convidados. O ‘E-Especial’ também, por brincadeira, dava-me o microfone para entrevistar os meus colegas nas gravações das novelas e, sem querer, comecei a perceber que gostava muito de fazer isto!”, explica, orgulhoso.
Saltos e contratempos
Para Miguel Costa, o resultado deste ano no “Alô Portugal” é um número considerável de reportagens diárias, muitas viagens de norte a sul do País, muita adrenalina e vários desafios marcantes. “Fiz um programa com os bombeiros e tive de descer em rapel de uma varanda, de um terceiro andar. Foi complicado, mas correu bem. Também estive no navio-escola ‘Sagres’, onde tive de subir à vigia. Foram mais ou menos 20 metros de altura, e depois descer. Tudo isto em direto”, partilha. O pior é quando a reportagem é com cavalos. “O mais difícil para mim, tem a ver com uma fobia. Gosto muito de cavalos, mas apanhei um susto a montar e quando tenho de o fazer é muito complicado, mexe muito comigo. E já tive de montar, fiz uma miniaula e correu bem. Faço porque também gosto de me desafiar”, relata. “Por vezes, parecemos uma equipa de reportagem tipo guerrilha porque nos adaptamos às condições meteorológicas, se há ou não rede (porque há zonas do País onde a rede é mais complicada)”, conta Miguel Costa, mostrando-se muito contente com o parceiro de aventuras que lhe calhou: “Tenho trabalhado com grandes câmaras, o Luís Neves (ver caixa) já é residente há uns meses largos”.
Mudança de rotinas
Acordar cedo de manhã, por volta das 6.30 h, também não foi uma novidade para o ator. “Vivo mais de manhã. Quando era miúdo – não vou dizer mais pequeno porque tinha o mesmo tamanho – era dos primeiros a chegar à escola para brincar, jogar à bola antes das aulas. Depois ganhei a preguiça. E agora fui resgatar esse lado.” As suas rotinas diárias com a família é que mudaram um pouco. “Houve uma adaptação familiar e tenho tido o apoio da minha mulher e das minhas filhas. Eu costumava deixar as miúdas na escola e a minha mulher, que tem um trabalho com horários mais convencionais, ia buscá-las, agora trocámos. Foi uma reorganização, mas tudo muito pacífico!”, assegura. As meninas, Teresa, de 7 anos, e Luísa, de 9, já o acompanharam algumas vezes em reportagem, principalmente quando se trata de atividades para crianças, e não se importam de aparecer à frente das câmaras. “Eu, tal como muitos pais e mães, tenho, por vezes, de as trazer para o trabalho. Felizmente tenho uma equipa que permite estas loucuras e a integração é muito natural. Às vezes, contam umas inconfidências, mas é giro e é muito natural!”, revela Miguel, que assegura que para as filhas aquilo é uma brincadeira: “Acaba por ser giro e cria uma empatia com as crianças em casa. É uma forma muito sincera de fazermos o trabalho. Eu sou assim e em família somos assim. Não há fachadas, filtros, nada!”.
Vontade de apresentar
Miguel Costa, que fará 45 anos a 13 de março, garante que não deixou a representação de lado e até quer conciliar com este trabalho de repórter sem (qualquer) medo! E a apresentação também pode ser um desafio para o futuro. “Antes de ‘Alô Portugal’, a minha resposta seria diferente, mas agora digo porque não?” Apesar dos sonhos, também não tem pressa. “É bom vivermos bem o momento, termos uma estratégia… Viver bem o momento e é isso que estou a fazer.”