Na noite da última quarta-feira, 31 de agosto, José Carlos Malato usou as redes sociais para fazer uma reflexão e assumiu-se não-binário. “Ser não-binário é uma questão de príncipio activista, pelo menos para mim. Acredito que a dualidade masculino/feminino ou outro está presente nos seres humanos apesar da cultura fascista e da sociedade patriarcal a tentarem esmagar. Isso significa que a minha identidade de género e expressão de género não são limitadas ao masculino e feminino.”
O apresentador da RTP continua: “Estão para além desse espartilho maniqueísta. Por exemplo, ao nível da linguagem, dizer que se está ‘cansada’ é mais forte, semanticamente, do que ‘cansado’. ‘Sou portuguesa! Portuguesa concerteza’ – verso de Rosa Lobato de Faria – expressa melhor o que eu sou do que “sou português” ou “Sou um homem. Assim o provam as calças!”, como tão bem disse Ary dos Santos. Esse não-binarismo está até presente nas insondáveis palavras do Papa João Paulo I quando afirma que “Deus é pai e mãe”.”
O termo “não-binário” é usado para se referir a pessoas que não se identificam exclusivamente com um único género. Enquanto alguns indivíduos não-binários se identificam como tendo um género que está entre as duas categorias, outros podem oscilar entre eles, ou não ter género, quer seja permanentemente ou por algum tempo. Muitas personalidades públicas internacionais já declararam serem não-binárias, como os cantores Sam Smith e Demi Lovato. Enquanto a cantora revelou recentemente que quer ser tratada pelo pronome feminino, muitas pessoas não-binárias preferem ser tratadas por um pronome neutro, o que no caso da língua inglesa seria o pronome coletivo “they/them”.
José Carlos Malato afirma identificar-se com ambos os géneros mas não esclareceu se prefere se tratado pelo pronome masculino, feminino ou por um pronome neutro. No texto partilhado nas redes sociais usou termos como “todes” e “muit@s”, que são algumas das formas neutras utilizadas na língua portuguesa.
“O meu ‘não-binarismo-pessoal’ é uma forma de dar representação e visibilidade a todos/todas/todes que sentem/ são assim! É o meu dever enquanto megafone que detém algum poder de fala na sociedade portuguesa.
É também uma demonstração de empatia com todes os que sentem como eu e um manifesto contra todas as formas de discriminação e violência que muit@s sofrem/sofremos todos os dias! Numa era marcada pelo terrorismo das redes sociais! Ninguém pode ser quem não é. E ser quem se é não prejudica ninguém. E a mais ninguém diz respeito! Disse!”, conclui Malato, que ainda adicionou a informação à sua “bio” no Instagram: “Não-binário! Entrevistas parvas, não!”