
Os últimos dias têm sido uma correria (boa) para Beatriz Frazão. A jovem de 18 anos prepara-se para no dia 8 de setembro subir ao palco do Teatro da Trindade, em Lisboa, e estrear a peça “O Diário de Anne Frank” na pele da protagonista. Os ensaios têm sido duros, como o texto da peça obriga, mas também de esperança. “Ela [Anne Frank] passou dois anos num esconderijo e conseguia sempre arranjar alguma coisa que a fizesse feliz. E nós, hoje em dia, parece que nunca estamos satisfeitos com nada”, observa a jovem atriz. O espetáculo descreve o período em que Anne, com 13 anos, foi obrigada a esconder-se da perseguição nazi com a família e alguns amigos. Das oito pessoas, sobreviveu apenas uma, Otto Frank, pai da protagonista, papel de João Reis, que mais tarde decidiu dar a conhecer ao mundo o diário da sua filha, morta num campo de concentração com apenas 15 anos. Para Beatriz, que já tinha lido o livro, esta história de vida real deve ser vista e relembrada por todos. “Vou levar todos os meus amigos a ver”, garante
Dar vida a estas personagens com grande densidade dramática é o que Beatriz mais gosta de fazer. Para a jovem, cujo passatempo preferido em menina era tentar chorar em frente ao espelho, é fácil pôr-se no lugar de Anne. “A história é tão triste que choro naturalmente.” Também conta com a ajuda do encenador, Marco Medeiros, e com o resto do elenco que prometem um espetáculo forte e impactante. “O nosso objetivo não é fazer uma peça bonitinha sobre Anne Frank, é mesmo tratar a realidade o mais próximo possível. Por isso, queremos mesmo que as pessoas saiam de lá a chorar. Mas a peça é para maiores de 12 anos, não tem nada de mal”, garante.
Ano de descanso
A estudar e a trabalhar em simultâneo, desde os 10 anos, Beatriz, que faz 19 em dezembro e finalizou o 12o na área de Economia, pensa agora em descansar. “Estou à espera para saber se entrei na faculdade de Letras para representação ou na de Psicologia. De qualquer maneira, vou fazer um ano de pausa. Para pensar melhor. Porque têm sido anos complicados de muito trabalho”, conta. Até novembro estará em cena com a peça, em outubro filma uma longa-metragem e em 2023 Beatriz não quer muitos compromissos. “A ideia é fazer alguns cursos pequenos de representação em Madrid ou Londres, mas está tudo em aberto”, conta a jovem, sorridente.