Ao longo da última semana foram muitos os famosos que usaram as redes sociais para falar sobre a Jornada Mundial da Juventude. E se, por um lado, alguns decidiram participar do evento católico, por outro lado outros preferiram refletir. Entretanto, Catarina Furtado decidiu ficar em silêncio até agora. Eis os motivos para Catarina Furtado não falar na Jornada Mundial da Juventude.
“Hoje um amigo mandou-me uma mensagem a perguntar porque é que eu ainda não tinha escrito nada sobre as JMJ. Fiquei a pensar porquê”, escreveu primeiramente. Então, a apresentadora reflete. “Sinto várias coisas quase contraditórias. Também pelo facto de sermos um estado laico e porque os escândalos sexuais não foram tratados como é urgente que sejam.”
Sendo assim, Catarina recordou um dos filmes que fez ainda na juventude. “Há uns anos valentes fiz o filme Fátima e numa cena em Arganil com figurantes que supostamente estavam a assistir a uma aparição, fiquei verdadeiramente tocada pela forma como eles genuinamente se comoveram. Não estavam a fingir quando era suposto.”
Portanto, Catarina Furtado usa este exemplo para falar dos problemas da religião. “Políticas e dinheiros à parte, o que me deixa indignada por um lado e esperançosa por outro, tem exactamente a ver com o uso da Fé. O bom uso ou o mau uso. A coerência do que se diz e pratica.”
Os motivos para Catarina Furtado não falar na Jornada Mundial da Juventude
Então, a apresentadora fala sobre o líder da Igreja Católica. “Gosto do Papa e se o ouvirmos bem percebemos que uma das suas grandes qualidades é saber ouvir. Diz que tod@s, tod@s tod@s são bem vindos na igreja, as pessoas trans, os vulneráveis, os marginalizados, os refugiados. Diz que a extrema direita é perigosa e que se combate com justiça social! Entendo que são precisos mais passos na igreja no sentido da verdadeira inclusão mas o Papa Francisco promove, de facto, a união.”
Na sequência, Catarina continua. “No entanto, no meio destes 1 milhão de católicos, estão muitos que mancham a essência porque exercem a hipocrisia, a homofobia, a xenofobia, o moralismo e trabalham apenas para a sua mansão no céu. Por outro lado, da minha janela vejo os jovens de todo o mundo a passar, a cantar, a rir, a dançar e cresce em mim uma semente de esperança. Serei ingénua?”
Mais ao fim do texto, a apresentadora volta a falar no pontífice. “O Papa Star Francisco é inspirador mas não faz milagres. O que precisamos é de VONTADE HUMANA em transformar este mundo num lugar humanista. Que não é! O que acreditamos e sentimos tem de bater certo com o que praticamos, com o que dizemos e com a realidade em que vivemos.”
Por fim, Catarina decidiu recordar uma experiência que viveu durante a gravação do programa Príncipes do Nada, na RTP. “Há muitos anos em Timor, entrevistei para os @principesdonada o Padre João de Deus (que já partiu) e perguntei -lhe “ Neste país com tantas crianças que passam fome, que morrem cedo demais por falta de acesso a serviços de saúde, cujas mães têm cerca de 6 filhos sem escolha, o que pensa sobre planeamento familiar e contracepção ?” A resposta : “Como padre acho mal, como homem acho bem”.”