O visual que Ana Moura levou aos Globos de Ouro deste ano foi um dos mais comentados da noite. A fadista surgiu na passadeira vermelha com um vestido transparente, que optou por usar sem sutiã. Ou seja, dessa forma, a cantora apostou num visual que deixou os mamilos à mostra, o que gerou alguma polémica.
“Este vestido é uma peça de arquivo, dos anos 2002. É da Ann Demeulemeester e eu achei que era o vestido que acompanhava a narrativa deste meu último single“, revelou, na noite da gala em que lançou o single “Desliza”. Contudo, a peça deu que falar e Ana Moura revelou que chegou mesmo a receber ameaças pelo visual dos Globos de Ouro.
Foi numa entrevista a Bruno Nogueira no podcast “Isso Não Se Diz”, já depois dos prémios da SIC, que a cantora assumiu que o look ganhou proporções maiores do que imaginava. “Esta semana recebi ameaças”, contou a fadista, em primeiro lugar.
“Senti-me de facto segura”, garantiu depois a fadista, sobre a passagem pela passadeira vermelha. “É o meu peito, o peito de uma mulher que amamentou e sem ajuste e que eu vejo com muita beleza”, disse ainda Ana Moura. Porém, as reações foram variadas, e algumas chegaram a assustar a cantora.
“Não perdi tempo a ler os comentários todos”, confidencia. “Recebi mensagens um bocadinho mais assustadoras”, revela, que desvendou o conteúdo de alguns comentários: “Sua puta de merda, ai de ti que envergonhas Portugal e o fado”. A cantora afirmou ainda que a maioria dos comentários “mais ameaçadores” vinham de homens.
“Disse ao meu road manager que queria andar sempre acompanhada. Quero estar acompanhada porque posso levar uma boca deste género”, assumiu. “Faz-me ter um bocadinho mais de receio”.
“Decidi 15 minutos antes de estar na passadeira vermelha”
Na sequência, Ana Moura assumiu que já sabia que o vestido poderia causar alguma polémica. “Eu tive até à última com os tapa mamilos, com os biquínis… Depois pensei: Isto estraga tudo, estraga todo o propósito. E decidi mesmo a sério 15 minutos antes de estar na passadeira vermelha”, contou. Depois, a cantora explicou o motivo de decidir usar o visual.
“Acho que os Globos de Ouro, mais do que tudo, são uma gala que serve para celebrar aquilo que os artistas fazem. E eu estava a celebrar o facto de estar a lançar um single novo. E foi um single que foi escrito inspirado num ensaio de uma escritora norte-americana, Audrey Lawrence que fala sobre o poder dos usos do erótico. E onde ela define o verdadeiro significado, segundo ela, do erótico. E que a sociedade atual, mais patriarcal, tende a confundir com o pornográfico. Mas ela acha que são coisas diretamente opostas. O pornográfico é prazer pelo prazer e o erótico é a transcendência, são as emoções.”
Então, Ana Moura destaca: “A mulher foi habituada ao longo dos anos a reprimir determinadas formas de se expressar porque essas formas eram muito associadas a uma coisa mais badalhoca. E a verdade é que isso impede-nos de viver esses momentos com toda plenitude. Isso até com o nosso próprio corpo”.
Por fim, conclui: “Quando vestimos alguma coisa estamos a comunicar alguma coisa. Achei que este lugar da passadeira vermelha era um lugar para celebrar uma grande criadora, que é uma das impulsionadoras do minimalismo. O vestido é assim, tem que ser usado assim, com aquela beleza, delicadeza, e sem nada por baixo. E foi realmente libertador.”