Luis Gustavo dedicou a sua vida à comédia. Dizia que as crianças eram os seus grandes professores: se não riam, a personagem não estava pronta. O intérprete dos eternos Mario Fofoca e tio Vavá partiu este domingo, dia 19 de setembro, aos 87 anos, devido a complicações provocadas por um cancro no intestino. Os fãs do artista podem continuar a ver o seu trabalho nas novelas ‘Joia Rara’, exibida na Globo de segunda-feira a sábado, às 12h50, onde veste o papel de Apolônio, e ‘Três Irmãs’, que vai para o ar logo a seguir, às 13h40, onde interpreta Nereu Vidigal.
Luis Gustavo era casado com Cris Botelho, pai de Luis Gustavo Vidal Blanco, fruto de seu relacionamento com Heloísa Vidal, e de Jéssica Vignolli Blanco, fruto de seu casamento com a falecida atriz Desireé Vignolli. Era avô de Marina Hoagland Blanco Buzzone, e tio de Tato Gabus Mendes e Cássio Gabus Mendes, também atores.
Luis Gustavo Blanco merece um capítulo especial na história da televisão pelas muitas personagens de comédia que encarnou. Nascido no dia 2 de fevereiro de 1934, em Gotemburgo, na Suécia, de pais espanhóis, o ator chegou ao Brasil ainda criança e adotou São Paulo como cidade para criar as suas raízes. Mesmo tendo de viajar constantemente para o Rio de Janeiro, o ator não se intimidava pela ponte aérea entre as duas cidades e considerava-se um paulista de alma e coração.
‘Tatá’, apelido que acompanhou o artista durante toda a sua vida e como era conhecido entre os mais íntimos, começou a carreira a trabalhar durante cinco anos atrás das câmaras. Mas a vontade de passar para a representação acabou por falar mais alto. Tornou-se assistente de direção de vários programas, entre eles o teleteatro TV de Vanguarda. Foi lá que, por acaso, fez a sua estreia como ator, na peça ‘Mas Não se Matam Cavalos’, de Horace McCoy. A partir desse momento não mais abandonou a interpretação.
A sua primeira novela foi ‘Se o Mar Contasse’, de Ivani Ribeiro, na TV Tupi, em 1964. Também na emissora, atuou em ‘O Sorriso de Helena’, ‘O Direito de Nascer’, ‘O Amor Tem Cara de Mulher’ e ‘Estrelas no Chão’. Paralelamente ao trabalho na televisão, o ator também dava início à sua carreira no teatro. Em 1967, pela atuação em ‘Quando as Máquinas Param’, de Plínio Marcos, ganhou o prémio de melhor ator da Associação Paulista de Críticos de Teatro (APCT).
Em 1968, Luis Gustavo participou na criação de um marco da telenovela brasileira, ‘Beto Rockfeller’, momento importante da sua carreira. O ator também deu vida a outros personagens que caíram no gosto do público, como o costureiro Ariclenes Almeida/Victor Valentin em ‘Ti Ti Ti’, o músico cego Léo em ‘Te Contei?’ e o playboy Ricardo em ‘Anjo Mau’, todas escritas por Cassiano Gabus Mendes. Uma das personagens mais memoráveis do ator foi o atrapalhado detetive particular Mário Fofoca em ‘Elas por Elas’.
Durante vários anos, Luis Gustavo atuou ainda como Vanderlei Mathias, o Vavá, na famosa sitcom ‘Sai de Baixo’, um dos maiores êxitos da sua carreira. No seu currículo constam ainda as participações em novelas como ‘Alma Gémea’, ‘Êta Mundo Bom’ e ‘O Beijo do Vampiro’, entre muitas outras.