Falta muito pouco para Fátima descobrir a sua verdadeira origem. Afinal de contas, ela é herdeira da fortuna dos Pereira Espinho. Vai ser Hortense a contar-lhe tudo pouco depois de a cozinheira perceber que a rapariga continua com muitas dificuldades em arranjar o dinheiro para prosseguir com o seu objetivo. “Carrego comigo um segredo estes anos todos, não por consideração àquela família, mas à tua avó, de quem eu era muito amiga…”, começa por dizer, acrescentando: “Tu és uma Pereira Espinho. És neta do velho Augusto, prima da Mariana”. A notícia apanha a rapariga e Jacinta, que a ouve, desprevenidas. Hortense pede-lhe perdão por lhe ter escondido a verdade. “Não posso ser neta daquele velho, não posso ser uma Pereira Espinho, é mau demais para ser verdade…”, lamenta ela. A madrinha de Sãozinha insiste. “Mas és, filha. A tua avó e a tua mãe fizeram-me jurar que não contava nada, mas já chega de injustiças. Eles não podem vencer sempre. Antes de o teu avô aparecer na vida da Ester, ela envolveu-se com o Augusto e a Ester engravidou. Ele, pressionado pelo pai, pediu à tua avó que abortasse, mas ela decidiu ter o bebé na mesma. Casou-se à pressa com o Joel, que acabou por perfilhar a Maria do Amparo”, prossegue, esclarecendo que Augusto sempre soube de tudo, bem como a mãe de Fátima. “Aquela não é a minha família, nem nunca vai ser”, grita a moleira. “Não é justo andares sempre aflita e eles a nadarem em dinheiro. Chega de miséria. Vais reclamar o que é teu e meter o teu negócio de pé, ouviste?”, sugere a cozinheira.
No dia seguinte, aparece Mariana, que corre a ameaçar a rival. “Ainda não aprendeste a não te meteres com homens casados? Sei que uma parola como tu só casando com um homem rico é que consegue sair da miséria, mas mete-te com algum idiota que esteja livre”, diz, ainda revoltada por Tomás ter almoçado em casa da moleira a pedido de Leonor.
Denúncia em público
A prima pede-lhe que se acalme e a vilã empurra-a, mas é agarrada pela mão. “Vê lá o que fazes, não estou com paciência para mimadas, inseguras como tu”, afirma a irmã de Artur. “Larga-me! Para me fazeres sombra tens de morrer e nascer outra vez! Não és ninguém e nunca vais passar de uma moleira com farinha no cérebro!”, riposta a relações-públicas do hotel. Nesse instante, Hortense perde a paciência: “Não voltas a falar com a Fátima assim, estás a ouvir? Ela é sangue do teu sangue! Mais respeito, sua tonta”. A filha de Carlota fica aflita e a cozinheira denuncia tudo. “Estou farta destes segredinhos. A Fátima é uma Pereira Espinho! Tanto como esta lambisgoia armada em fina que aqui está”, afirma, apontando para o busto do falecido. Carminho e Domingos, que estão no local, ouvem tudo. “E só sinto vergonha por isso!”, acrescenta Fátima. Irritada, Mariana vai-se embora, enquanto o marido de Rosalinda pede à sobrinha que lhe explique bem aquela história.