Podia acabar-se, a bem da honestidade, com as balizas da campanha eleitoral; essa coisa de ser apenas nos 15 dias que antecedem a votação. Está visto que a campanha está na rua a partir do momento em que se anunciam as eleições. Está visto que, desde que Sócrates anunciou que entregaria as chaves (a demissão) ao Presidente da República, que a guerra começou. Desde logo, e sem grande surpresa, hoje tudo se passa às 20 horas: hora dos telejornais. Sócrates e Passos Coelho principalmente, mas com os outros atentos, todos informam as redacções que "irão fazer uma declaração importante", ou que, à chegada a um jantar com militantes, estarão disponíveis para responder a perguntas dos jornalistas. A campanha faz-se em directo no horário nobre. Basta saber-se que Sócrates irá dizer algo às 20, logo o PSD manda dizer que reagirá de imediato: tem sido isto todos os dias, e a ladainha continuará. Porque, seja onde for, o que têm para dizer não fugirá disto: o PS acusa o PSD de ser irresponsável e ter mergulhado o país numa crise profunda que trouxe a desconfiança dos mercados e precipitou a vinda do FMI, o PSD responde, sempre, que o governo é desonesto, e tenta fugir a seis anos de responsabilidade directa pelo agravamento que afundou de vez o país: um cansaço…Foi no meio desta previsibilidade que se ergueu o congresso do PS, previsto há muito, mas que ganhou novo fôlego na actual conjuntura. Ganhou tal fôlego, que foi muito mais um comício de arranque de campanha do que um congresso. Sócrates arrancou aplausos, conquistou energias, e dir-se-ia estarmos a ouvir um jovem líder desafiante que não teve nada a ver com o governo que termina. Prometeu luta como quem promete porrada. Chamou irresponsáveis e aventureiros aos outros, pintou de cor-de-rosa tudo o que fez, a bem da nação. Sendo um congresso (em princípio), lá tentaram alguns socialistas mais desalinhados dizer o que lhes ia na alma; mas assim que se sentia a brisa de uma discordância ou crítica ao grande líder, logo os congressistas ululavam, a despachar os ignóbeis críticos. Um espectáculo de democracia, portanto. Mas não deixa de ser curioso que o PSD tenha acusado o toque, e se sentisse ameaçado pelo mediatismo que a reunião socialista conseguia no fim de semana. Sim, porque os nossos políticos medem tudo em tempos de antena, e pela quantidade, nunca pelo que lá é dito, que tem sido sempre mais do mesmo. E assim, para chamar também a atenção, o PSD puxa realmente um coelho da cartola. Imprevisível, de facto. Porque mandaria o bom senso de Fernando Nobre que não o honrado cavalheiro não fosse apanhado na maior incongruência e contradição de que há memória. Se bem se recorda, Nobre é o médico que se tornou conhecido coma AMI, e famoso por enfrentar sem medo os monstros dos partidos políticos. Concorreu a Presidente com o slogan da cidadania e independência repetido à exaustão. Cada intervenção sua era uma canção contra os partidos, que andam aqui há demasiado tempo a criar negociatas, que funcionam em circuito fechado, longe das verdadeiras aspirações dos portugueses. Mais: derrotado nas eleições, mas com uma votação considerável para um outsider estreante, o médico deixou uma mensagem muito clara no Facebook (sim, não é só Cavaco que manobra as modernas redes sociais…) E na mensagem, que agradecia o apoio de todos os que votaram nele, Nobre fazia uma solene promessa: continuem a contra com ele para lutas em nome da cidadania, mas nunca, nunca (um
jamais à Mário Lino) a integrar qualquer lista de qualquer partido…É um rico cartão de visita que o PSD arranjou para reforçar (?) as suas hipóteses: alguém que andou toda a vida a proclamar independência, ao mesmo tempo que aparecia solidário com o Bloco, com o PS, e agora (porque não?) com quem lhe dá a oportunidade de continuar a exibir visibilidade. Já que não conseguiu a cadeira número um da nação, atira-se à segunda (sim, o PSD acena-lhe com o cargo de Presidente ada Assembleia da República). Uma coisa é certa, com jogadas destas a campanha vai ser ainda mais animada do que pensamos. Mas o PSD tem um desafio e uma reflexão pela frente. Pensar bem se foi boa ideia lançar um candidato que vai passar os próximos tempos a tentar explicar porque rasga tão rapidamente a palavra dada.




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