A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) revela declarações contraditórias da apresentadora, a propósito da sua transferência para a TVI, em julho de 2020. Recorde, primeiramente, que esta foi uma notícia que apanhou todos de surpresa e que se tornou num dos assuntos mais falados desse verão. Cristina Ferreira apanhada em contradições pela ERC.
As contradições são expostas na deliberação ao processo de contraordenação aberto na sequência do negócio da venda da Media Capital (dona da TVI) a Mário Ferreira. A revista TvMais consultou o documento de 183 páginas que a ERC divulga publicamente. É neste documento que se lê que nas declarações da apresentadora à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) existem duas versões da mesma história.
“Cristina Ferreira, doravante (CF), em declarações à CMVM, referiu o seguinte: ‘estava na SIC […]. CF reconhece que as coisas estavam tranquilas, mas que sentia que não teria margem de crescimento dentro da estrutura da estação. Houve um primeiro contacto por parte de uma diretora da TVI, Lurdes Guerreiro […], para saber se haveria algum interesse em voltar. Nessa mesma abordagem foi-lhe dito que, em caso afirmativo, deveriam avançar para uma conversa com Nuno Santos (NS); CF terá respondido que não falaria com NS […] CF referiu não saber de que forma essa resposta foi transmitida e gerida internamente, mas o facto é que a chamada seguinte que recebeu foi de Mário Ferreira (MF), para falarem diretamente, o qual tinha sido já apresentado como acionista da GMC.
“Não podemos, contudo, deixar de estranhar a contradição existente entre os dois depoimentos de Cristina Ferreira”
Essa reunião teve lugar, e foi a primeira vez que CF conheceu e esteve com MF. Nessa reunião MF transmitiu a CF que NS estaria na estrutura, na qualidade de diretor-geral da TVI, e CF respondeu que a conversa terminaria ali. MF refere então que o cargo de NS de diretor-geral estava distribuído e não seria passível de alteração e pergunta a CF se a possibilidade de ser acionista e possível administradora […] seria suficiente para prosseguirem a conversa. CF respondeu que sim e retomou-se a conversa […]’, a fl. 291 dos autos.”
Contudo, e após esta versão, que, ao que a TvMais apurou, será a verdadeira. Cristina Ferreira declarou nunca ter falado com o atual patrão para abandonar a SIC e voltar à TVI. No ponto 555 da deliberação: “Contrariamente, mais tarde, em declarações no âmbito do procedimento administrativo, veio Cristina Ferreira referir que nunca falou com Mário Ferreira. E que as conversações foram todas com Manuel Alves Monteiro, a fl. 205 dos autos”, pode ler-se, em seguida.
Claro que a estranheza desta contradição deixou a comissão de inquérito deste processo intrigada, manifestando precisamente isso. “Não podemos, contudo, deixar de estranhar a contradição existente entre os dois depoimentos de Cristina Ferreira e questionar a razão que a levou a adotar posturas completamente divergentes.”
A dedução possível perante esta postura de Cristina Ferreira é a de que a apresentadora mentiu para ajudar Mário Ferreira neste processo. O empresário viu nela uma das principais estratégias para revitalizar o canal de televisão. Aliás, o empresário terá usado a contratação de Cristina Ferreira como trunfo nas suas negociações com a banca para renegociar a dívida da empresa.
Mentiu para ajudar o patrão?
A apresentadora é apanhada em contradições sobre a sua ida para a TVI. Tudo acontece num processo do regulador da comunicação social sobre como decorreu, primeiramente, a venda da Media Capital (dona daquele canal de TV) a Mário Ferreira. Primeiro, afirmou que foi o patrão que a convidou, mas, por fim, depois disse que, afinal, nem sequer tinha falado com ele.
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