Conforme se vê no vídeo do prédio onde morava, Rosalina Ribeiro saiu de sua casa às 19.59 h. Dezoito horas depois, o seu cadáver era encontrado a mais de 90 km do Rio de Janeiro. O perito do Instituto de Criminalística do Estado do Rio de Janeiro, dr. Erlon Reis, diz que encontrou a vítima às 14 h de 8 de Dezembro, a 100 metros do entroncamento da rodovia RJ-118 com a rua 96. Na perícia que fez, afirma que o local não estava preservado, não havia polícia nem a área fora isolada. O cadáver, observou o perito, tinha óculos escuros. Perguntamos: se morreu às 22 h porque tinha óculos escuros? E com um tiro na testa, os óculos não caíram? E nem sequer tinham sangue? Com um tiro na cabeça? Seguimos em frente. Diz o relatório pericial que o cadáver estava numa poça em estado de rigidez cadavérica parcial. “No pico do verão (Dezembro, no Brasil), ao relento, 18 horas depois? Dificilmente!”, afirmou à tvmais um perito português em Medicina Legal. “Pode ter morrido em qualquer local e ter sido depois ali posta!”, concluiu. “Há avaliações que não conheço (ou não foram feitas). Como estavam as mãos e os pés? Porque não referem a hora de morte?”, continuou o nosso perito. Lendo o relatório pericial onde se constata o desaparecimento dos documentos de identidade da vítima, tendo esta o seu ouro, é também motivo para crer que esta morte estará mal explicada. O próprio perito do Instituto de Criminalística do Estado do Rio de Janeiro, dr. Erlon Reis, descarta-se ao concluir que apenas observou e examinou no local “um cadáver de uma pessoa do sexo feminino vítima de homicídio perpetrado mediante o emprego de uma arma de fogo, em local e condições não determinadas por falta de elementos técnicos”. Na perícia, afirma-se que o local não estava preservado, não havia polícia nem a área fora isolada. Trata-se de um lugar sem candeeiros nem calçada, prédios esparsos e rodeados de vegetação de grande porte junto à via. Ou seja, todos passaram ali. Mexeu quem e quando quis.
Autópsia
Causa de morte: traumatismo crânio-encefálico. O documento é assinado pelo perito legista, dr. Renato Carvalho Silva. No relatório, o médico escreve desde logo que o local onde foi encontrado e removido o cadáver não está esclarecido. Afirma que o cadáver de Rosalina foi encontrado com as vestes intactas e apenas sujas de sangue. Mas, curiosamente, o seu rosto (apesar de ter levado um tiro na testa) está limpo e sem sinais de violência, além dos dois tiros que a mataram. O estômago, segundo o médico-legista, estava em início de digestão. Quer dizer que Rosalina, ao contrário do que era seu hábito à noite, comeu. Ou então morreu de manhã… O médico-legista não designa a hora de morte de Rosalina.
Duarte Lima falou
“Sou completamente inocente e a demonstração dessa inocência será feita no processo”, diz Domingos Duarte Lima, sobre a acusação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que o considera autor da morte de Rosalina Ribeiro. A acusação foi aceite por um juiz que decretou a prisão preventiva de Duarte Lima (terça-feira, 1 de Novembro). “Sem quaisquer provas”, afirma o antigo líder do PSD no Parlamento, em carta enviada à agência Lusa no domingo passado. Duarte Lima diz estar ser alvo de um “linchamento público” e considera que as acusações assentam em “especulações e mentiras”. A prisão preventiva decretada pelo juiz no Brasil só não ocorrerá porque o ex-deputado está em Portugal. Depois de um longo silêncio, Duarte Lima defendeu-se em carta enviada à agência Lusa e explicou que o seu advogado no Brasil já interpôs um recurso (habeas corpus) para o supremo Tribunal do Rio de Janeiro, contestando a acusação. Caso veja negado este recurso, a defesa de Duarte Lima pode ainda recorrer
para o Supremo Tribunal Federal.