Precisamente nas vésperas do julgamento de Gonçalo Amaral em Lisboa, foi agora conhecido um relatório secreto entregue ao governo britânico em 2010. Trata-se de um relatório secreto do Ministério do Interior (equivalente ao nosso Ministério da Administração Interna). Ali se afirma que o envolvimento e a competição entre as diversas policiais britânicas foi para ganharem visibilidade na busca de Maddie, mas que isso dificultou a investigação das autoridades portuguesas e produziu efeitos negativos desde então. As relações com a polícia portuguesa, diz o relatório, foram danificadas pelo excessivo número de agências policiais do Reino Unido a quererem tomar parte no caso. CEOP, Polícia Metropolitana de Londres, Agência do Crime Organizado Grave e Agência Nacional de Melhoria da Polícia, entre outras. “Todos queriam ajudar mas acabaram por criar uma sensação de caos e desconforto na polícia portuguesa”, diz agora Jim Gamble, antigo chefe do Centro de Proteção à Criança (CEOP) em Londres, e autor do documento secreto.
Duras Críticas
As notas à actuação dos britânicos sobre a busca de Maddie são duras e vão ao ponto de criticar fortemente a decisão de colocar a polícia de Leicestershire a dirigir a operação. Afinal, segundo o relatório, esta polícia estar mal preparada e nem tinha equipamento para lidar com uma investigação do género. Elaborado por Jim Gamble em 2010, a pedido do antigo secretário da Administração Interna britânico, Alan Johnson, o relatório nunca tinha sido conhecido. Por coincidência apareceu numa reportagem da Sky News em primeira mão, há duas semanas atrás.
Coincidências
Por coincidência, o relatório foi conhecido na altura em que se esperava que em Lisboa recomeçasse o julgamento do primeiro coordenador da investigação ao caso Maddie, Gonçalo Amaral. Por outra coincidência, também para esta altura, foram pedidas novas actuações de polícias britânicos no Algarve para mais diligências na busca de Maddie. Por coincidência está tudo atrasado.