Quando a neta, Alice, foi resgatada em Liége, Maria Dolores Guiomar, 64 anos, foi detida, ouvida e libertada pelas autoridades belgas. Por isso regressou descansada a Portugal, convicta de que poderia visitar e apoiar o seu filho, Paulo Guiomar, na prisão. Mal chegou, foi detida em Aveiro e levada para o Algarve pela PJ. Interrogada no Tribunal de Tavira, explicou aos juízes as suas convicções de que a menina estaria melhor consigo do que com a própria mãe. “Foi ela, quando acabaram as férias no final de Agosto, que pediu ao pai para não a levar à mãe [Carla Evangelista] porque não queria ficar com ela. A mãe não era amiga dela, não brincava com ela e a alimentação que lhe dava não era a melhor. A menina não se sentia bem e, quando esteve aquele mês todo de férias, disse ao pai que já não queria que ele a levasse à mãe”, tinha explicado Maria Dolores à CMTV.
Avó presa
“A menina não esteve raptada!”, afirmou então Maria Dolores. A 25 de Setembro falou ao juiz de Tavira durante oito horas. Dada como suspeita de cumplicidade no rapto parental da sua neta, ficou em prisão preventiva na prisão de Odemira. O juiz levou em conta o alarme social e o perigo de fuga, já que Dolores tem residência na Bélgica. Perante a detenção da ex-sogra, a mãe de Alice, Carla Evangelista, disse: “Não quero comentar, agora é com as autoridades”.
O papel da avó
Só em julgamento será apurado se Maria Dolores se limitou a acompanhar o filho e a neta para a Bélgica ou se participou activamente no plano e concretização da fuga, ajudando o filho (Paulo) a manter a neta (Alice) longe da mãe (Carla). No primeiro caso, será apenas uma questão moral, no segundo, poderá ser considerada cúmplice do filho e criminalizada por isso.
O papel da namorada
Durante o tempo que viveu clandestino com a filha em Portugal (antes de partir para a Bélgica), Paulo Guiomar terá continuado na companhia da namorada de então, Martine Gonçalves, de origem camaronesa e cuja mãe vive em frente ao Tribunal de Tavira. À tvmais, esta ex-sogra de Paulo garantiu que Martine, de 36 anos, deixou de o ver “de um dia para o outro. Desapareceu e não disse nada. Soube agora que estava para a Bélgica”, exclamou a senhora, garantindo que a filha “não sabia de nada e foi abandonada e desamparada pelo Paulo. A minha filha já disse tudo o que tinha a dizer no tribunal. Já não quer saber mais do caso e já seguiu a vida dela”, explicou. Ouvida pela PJ, em 2012, a ex-namorada de Paulo Guiomar poderá voltar a ter de explicar alguns detalhes aos magistrados.
Para proteger Alice
Desde comprimidos dados à filha por alta recreação a um parecer peudopsiquiátrico sobre as relações de Alice com a mãe e à morosidade da Justiça, Paulo Guiomar tem alegado vários argumentos para a fuga com a menina. Facto é que desobedeceu ao que fora decidido pelo Tribunal de Família em Fevereiro de 2012 (ver caixa). Paulo Guiomar decidiu que proteger a filha seria não a entregar à mãe. “Até a situação ser esclarecida fica a meu cargo”, escreveu num sms em Setembro de 2012.
Queixas e mais queixas
A tvmais sabe da existência de um relatório sobre as relações de Alice com a mãe. Mas é facto que ao longo dos sete anos de vida da sua filha, Paulo nunca conseguiu provar às autoridades qualquer problema com a menina. Nem problemas escolares nem maus tratos detectados nas idas ao médico.
Alice cresceu, no dizer da mãe, visitada pelo pai sempre que este quis. A tvmais sabe que não foi bem assim. Só aditamentos ao processo na GNR de Tavira há sete. Mais três processos conexos.