Quatro casamentos, cinco filhos e três netos depois, Maria Leal recorda os tempos em que, na escola, batia em todos à sua volta. Hoje, não está mais calma. Confissões de uma mulher que tem o recorde de visualizações – e insultos! –, na internet.
Que memórias guarda da infância?
Foi passada em Lisboa, onde nasci. Em pequenina, cheguei a viver em Braga e regressei à capital aos 3, 4 anos. Graças a Deus, foi uma infância feliz, toda a vida andei em colégios e, como sou a única menina – tenho um irmão –, fui sempre supermimada pelo meu pai, tive tudo o que quis, porque ele tinha essa possibilidade a nível financeiro. Éramos uma família muito tradicional e nunca me faltou nada.
Na passagem para a adolescência já tinha a irreverência que mostra hoje?
A minha mãe costumava dizer que eu devia ser rapaz e o meu irmão rapariga. Só gostava de jogar à bola, era muito rapazola. No colégio, via as miúdas a jogar ao elástico e ia lá para tentar estragar aquilo tudo! Sempre fui rebelde! Onde houvesse pancada, estava lá metida, não sei como…
Para separar?
Para separar nada, já estava a bater neles todos! Era do piorio. Um bocadinho maria-rapaz. A minha mãe só era chamada à escola exatamente porque a Maria bateu naquele ou naquela.
Como é que começa a ganhar a vida?
Estive em casa dos meus pais até aos meus 22 anos. Depois, comecei a trabalhar e a estudar ao mesmo tempo. Comecei a gerir uma loja e a fazer as montras. Sempre gostei muito de moda. Isto na Costa de Caparica. Gostei imenso, mas toda a gente começou a ficar assustada porque a Maria não ia completar os estudos. Graças a Deus, não me perdi. Depois, comecei a trabalhar na TVI.
Com que função, concretamente?
Era assistente de realização. Devia estar em cima dos meus 30 anos. Na altura, numa equipa com o José Eduardo Moniz, comecei a fazer o logótipo da estação. Mais tarde saí por opção minha. E continuei com as minhas lojas em Lisboa.
E mudou-se, então, para Elvas?
As pessoas falam muito em Elvas, mas estive pouco tempo lá. Dois anos, nem mais. Gostava imenso daquela zona porque estava perto de Espanha. Percebi que havia muitas pessoas de Badajoz que iam fazer compras a Elvas e que havia ali um negócio rentável. Trabalhava com portugueses e espanhóis e achei que teria lucros.
A imprensa noticiou que teve quatro casamentos. É verdade?
Eh, pá, essa parte da minha vida privada…
Só queremos ser rigorosos.
Sim, são quatro casamentos!
Como é que foram essas relações?
Foram boas até durar. Simplesmente, as coisas não resultaram. As minhas relações não podem ser cinzentas… Cinzento só mesmo a cor que visto. As coisas são pretas ou brancas. Não gosto de perder tempo na minha vida e digo, muitas vezes, que 24 horas não me chegam. Tinham de ser 48! Para mim, um homem na minha vida tem de ser um pilar e não pode estar para ali a abanar todo! É óbvio que não me devia ter casado, devia ter-me juntado. Precipitei-me um bocadinho. É curioso que todas as pessoas que tive na minha vida queriam casar-se comigo! Quando deixei de ser feliz… terminei.
Dessas relações teve cinco filhos…
A mais nova tem 10 anos e a mais velha 20. Os outros não me lembro agora as idades, mas, amigo, passe-me lá à frente porque quero protegê-los…
Nesta azáfama em que anda consegue estar com eles?
Consigo, há telefonemas e videochamadas. Eles estão com a avó. Mas passe-me à frente, OK?
Há uma revista que garante que a Maria os abandonou.
Isso é mentira! Escrevem o que querem e o que lhes apetece. Claro que não os abandonei.
Netos já são três, correto?
Oh, meu Deus! Gosto de proteger os meus. Desde que ando nesta correria ainda ninguém me viu a sair com a família. Até agora nenhum deles veio dizer que a mãe é a Maria Leal. Mas tenho três netos, sim!
Um dos seus maridos reclama-lhe 1 milhão de euros. É verdade que o lesou?
[Silêncio] Acho que se tivesse esse dinheiro todo não estava a cantar e a levar esta vida! Há pessoas que, realmente, não devem raciocinar nem levar as coisas direitas, mas está tudo entregue aos advogados. As pessoas têm de ter um bocadinho de cabeça quando dizem as coisas e não atirar cenas ao ar! Só isto!
A Maria d’Eça Leal, que ficou conhecida por estar ao lado do ex-concorrente da “Casa dos Segredos 4” Tiago Ginga,“morre” com a Maria Leal?
Enterrei-a!
Dava um ar aristocrata, abastado…
Não ligo muito aos apelidos, sou bastante humilde. Para mim, ser Leal, Silva ou Pereira é exatamente igual. Nascemos e morremos todos da mesma maneira. Mas prefiro ser uma Maria Leal ou uma Maria Silva a uma Maria d’Eça Leal.
Ainda fala com Tiago Ginga?
Ficou tudo resolvido, falamos, está tudo normal.
Ficou surpreendida com o vídeo de Sérgio Hash, o seu último namorado, que garante que a Maria o enganou, nomeadamente na idade?
Quer protagonismo e isso viu-se pelas mentiras que ele disse. Foi mais um.
Uma relação que teve um tempo recorde…
Durou uma semana, porque vi logo perfeitamente aquilo que ele queria. Se vocês pesquisarem a vida dele percebem logo porque é que acabei.
O boom da sua carreira dá-se com “Dialetos de Ternura” no “Você na TV!”, da TVI. Antes, só era conhecida por ter, alegadamente, sustentado o Tiago Ginga…
Antes de estar com o Tiago cantava às quintas e sextas-feiras numa casa em Cascais e outra em Queijas. Quando saiu isto da relação com Tiago, veio uma proposta para fazer uma música minha, em vez de andar a cantar as músicas dos outros. Agarrei a coisa com o coração.
Estava à espera deste sucesso todo?
Nada. Sabia que o blogue “Dioguinho” ia pôr qualquer coisa como a “ex” de Tiago vai cantar. Ainda hoje não estou bem com os pés assentes na terra. Mas como também ando sempre na lua…
A Maria considera-se uma cantora ou uma intérprete?
Gosto imenso de ser as duas coisas. Graças a Deus, já houve quem visse como sou a cantar ao vivo, mesmo sem ser as minhas músicas. Eu sei cantar, mas as pessoas vão sempre gozar, já sei como é que é!
As críticas doem?
Às vezes preferia que as pessoas me vissem a cantar numa casa de karaoke, para ver exatamente como é que canto. Não gosto de pôr muitos efeitos na voz e estou sempre literalmente a cantar. A primeira vez que fui à Suíça, uma das agentes disse-me que fiz um boneco e que até sabia cantar. Respondi que não, que só estava nervosa.
Mas admite que, às vezes, parece um autêntico boneco a dançar…
Nunca fiz boneco nenhum, nem sou um boneco! Naquela altura, foram os nervos, foi Deus, nunca dancei daquela maneira, hoje tento fazer aquilo e não consigo. Saiu–me, literalmente. Já tentei voltar a dançar assim outra vez e ainda me saiu pior.
Por falar em Deus, é uma mulher religiosa?
Sou crente, acho que nesta vida temos de nos agarrar a algo que não é palpável. Gosto de ir uma vez por ano a Fátima e agradeço, à noite, pela forma como o dia correu.
As pessoas metem-se muito consigo no Facebook?
Dizem que sou uma mongoloide… as pessoas devem ter um bocadinho de noção de que podem brincar com tudo menos com as doenças! Podem tratar-me mal, deste que não metam doenças nem crianças. São pessoas que não têm escrúpulos nenhuns e espero que nunca na vida venham a ter esses problemas ou familiares com esses problemas. Mas falar mal é fácil, bem é que é só quando morremos.
Até quando é que vai durar este fenómeno?
Até quando as pessoas quiserem. Mas não vou parar, porque isso é morrer. O novo single vai pelo mesmo caminho que “Dialetos” e, neste momento, sinto que há um número enorme de pessoas que gostam de mim. As pessoas que estão agora comigo estão muito mais do que no princípio. No início, achei que era uma curiosidade, hoje em dia, a cada concerto que dou, vejo que as pessoas gostam realmente de mim e fico feliz. No último fim de semana, estive com pessoas de 60 e tal anos, que vão às discotecas para me verem e dar um beijinho. Em vez de estarem em casa a pensar nas doenças, faço-as dançar, chamo-as ao palco para estarmos todos a brincar. Porque a vida é mesmo isto, hoje estamos vivos e amanhã não sabemos! Sou do signo Peixes, que até é fraquinho, mas não sou de desistir.
Está quase a fazer anos, então…
Faço a 14 de março. Sou uma pessoa muito ambiciosa, que luta, mas sem pisar ninguém. Muitas vezes sou burrinha porque acredito demasiado nas pessoas.
Como é que se internacionalizou para as comunidades portuguesas no estrangeiro tão rapidamente?
A nossa comunidade de emigrantes vê os programas cá e estão sempre atentos. Eles querem sempre saber o que se passa por Portugal.
Cobra hoje mais do que há três meses por cada espetáculo? Falava-se em 500 euros por atuação…
Cobro mais, como qualquer artista.
Se for preciso, também canta em casamentos e batizados?
Imagine que estou perto de um sítio. Se, enquanto não vou para outro lado, tiver de fazer, por exemplo, a festa de uma empresa, claro que sim, faço. No fim de ano, depois de atuar na gala final de “Casa dos Segredos”, ainda fui para mais três sítios.
Neste momento, tem concertos até quando?
Até abril, mas também já se está a trabalhar para os espetáculos de verão.
Quando é que é lançado o CD?
Já era para ter sido lançado, mas com esta minha agenda é impossível estar uma semana em estúdio. E agora estou com uma maldita constipação há três dias que me está a tramar.
Quais são as histórias mais curiosas que tem com quem gosta de si?
Recentemente, tive de esperar por uma excursão para dar autógrafos e beijinhos. Dizem-me para continuar a ser forte e para não ligar às críticas. Sempre me senti acarinhada pelo público.
Tempo para si, tem?
Tenho, nem que seja duas horas. Faço ginásio e gosto imenso de surfe, embora já há imenso tempo que não faço. Também gosto de ginástica e, para a idade que tenho, quem dera a muita gente estar assim.
E que idade tem, já agora?
Tenho 47 anos. Quem dera a muitos de 20 ter o meu corpinho e ter esta pedalada!
Tempo para os amigos, há?
Tempo para os meus amigos tenho muito pouco, mas esta foi a vida que escolhi. Estou com os pés bem assentes na terra, porque sei perfeitamente que isto vai diminuir. Se for abaixo, vou servir imperiais.
Se for preciso, volta para as lojas?
Claro que sim! Muitas vezes, estou num sítio de um amigo meu e estou no balcão a tirar cafés ou imperiais. O que é preciso é a gente ter saúde, o trabalho não me assusta.
E tempo para relações?
Tenho tempo é para… ralações! E umas ralações daquelas…