Na noite desta segunda-feira, 17 de maio, foi emitida a entrevista de Tony Carreira a Manuel Luís Goucha. É a primeira vez que o cantor fala abertamente numa entrevista de vida depois da morte da filha, Sara Carreira, num trágico acidente de viação a 5 de dezembro de 2020. A conversa aconteceu na casa de Tony, e passou por temas difíceis nunca antes falados em televisão.
Manuel Luís Goucha começou a conversa com um “obrigado”, ao que um Tony Carreira visivelmente abalado afirmou: “Obrigado eu. Se alguém realmente me apoiou muito neste deserto… Outras pessoas também, mas tu foste muito especial”. Tony Carreira respondeu então à primeira pergunta de Goucha: “A vida tem sentido depois da morte de uma filha?” ao que o cantor disse: “Não”, para depois dizer: “Vai ter que ter sentido, porque tenho dois rapazes”.
Tony Carreira afirmou que espera encontrar sentido para a vida através da associação que criou em nome da filha. “Estou a tentar encontrar caminhos porque confesso que quando a minha filha partiu foi uma violência extrema. Morri por dentro, ainda estou a encontrar uma vida cá dentro. Não tenho problema em dizer que bebi mais do que devia, andei ali uns tempos… Parecia um zombie. Depois veio alguma violência, fui injusto com algumas pessoas e agressivo contra o mundo inteiro. Revoltei-me com o mundo inteiro. Neste momento estou à procura de alguma fé, alguma fé que me resta, de encontrar algumas respostas. Eu que não acreditava na vida após à morte, estou a agarrar-me nesta esperança”.
O cantor afirmou que se apega atualmente na solidariedade, e quer tentar ser uma pessoa melhor para, assim, reencontrar a sua filha. “Há duas certezas que eu tenho. Uma delas é que nunca mais volto a ver a minha filha. E a outra certeza é que nunca mais serei eu mesmo”. Visivelmente triste, Tony disse que espera não viver muito mais tempo. “Nunca tive esta cena de festejar os meus 100 anos. Se eu lá chegar será um grande castigo”, disse Tony, que afirmou nunca ter pensado no suicídio: “Sou completamente contra a pessoas que tiram a própria vida, jamais o farei. Nunca pensei nisto”, porém diz que espera não morrer “muito idoso”.
“A Sara era a alegria, era a minha princesa, era a mulher da minha vida”, disse Tony. “Não há nada que eu gostava de ter feito com a minha filha que eu não tenha feito”, revelou o cantor, que disse que dos três filhos, Sara foi a com quem mais pôde viajar e conviver. Tony disse que tem a esperança de que a filha esteja a ver o trabalho solidário desenvolvido pela Associação Sara Carreira. “O único objetivo é fazer com que se lembrem da nossa filha através do bem”.