
Cristina Ferreira foi sempre uma mulher magra, mas, de há uns anos a esta parte, a apresentadora tem lutado para conseguir manter a sua silhueta. Apesar de comer de uma forma saudável e ter uma vida bastante ativa, a diretora de Ficção e Entretenimento da TVI começou a sofrer as consequências do stresse no corpo. Depois de muitos cuidados e tentativas para fazer baixar o número na balança e reduzir o volume corporal, a apresentadora parece ter encontrado a fórmula que a fez voltar a ter um visual de fazer inveja. Foi a própria a revelar o segredo do seu sucesso numa emissão do programa “Cristina ComVida”. Afinal, qual é a dieta que está a seguir e que lhe permitiu perder oito quilos, passando dos 68 para os 60 quilogramas, num ano? O jejum intermitente.
A diretora de Ficção e Entretenimento da TVI começou por contar que “já fazia uma alimentação exímia” e tinha tentado de tudo para perder peso e inchaço, mas por causa de uma “alteração no intestino”, que a levou a fazer alguns exames de diagnóstico, não conseguia emagrecer. Até que começou a fazer o jejum intermitente.
Cristina toma o pequeno-almoço cedo, tenta almoçar sempre à mesma hora e depois faz um “lanche ajantarado” antes de começar o “Cristina ComVida”. “A minha última refeição”, garantiu a apresentadora. E esse parece ser o segredo pois, como disse, “o corpo habitua-se à quantidade de comida” e, com o jejum intermitente, “o corpo vai buscar as reservas de energia”. Antes, jantava mais tarde e depois ia para a cama: “Eu comia e ia-me deitar. Acho que o corpo não tinha tempo para digerir os alimentos”, explicou.
Mais do que uma simples dieta para perder peso, a apresentadora optou por mudar o seu estilo de vida em relação à alimentação e, hoje em dia, faz jejum intermitente sempre, o que significa que fica longos períodos sem ingerir alimentos. Cristina opta também por seguir uma dieta menos calórica, prescrita por Iara Rodrigues, a sua nutricionista desde há dez anos, mas garante que come de tudo.
O que é o jejum intermitente
Alexandra Vasconcelos, que escreveu “O Poder do Jejum Intermitente” e “As Receitas – O Poder do Jejum Intermitente”, editados pela Planeta, já foi várias vezes convidada por Cristina Ferreira para os seus programas e conhece bem a apresentadora. “Ela disse-me que o jejum intermitente é a única coisa que lhe dá resultados. Sente o corpo a desinchar, a desinflamar, e diz até que se sente a emagrecer. E garante que o jejum resulta muito bem com ela. Com ela e com a grande maioria das pessoas”, explica a antiga farmacêutica e mestre em nutrição. “Ao longo destes anos a trabalhar com doentes e que fazem jejum intermitente, não há uma pessoa que não sinta resultados, todas sentem na pele, na sua saúde os benefícios: ou no peso, na desinflamação, no edema, na vitalidade, nas doenças autoimunes ou no intestino. Os benefícios vão de A a Z em toda a nossa saúde”, acredita.
Para a especialista, todos podemos optar por esta forma de viver e muitos de nós, inconscientemente, já o fazemos. “Se jantarmos às 21 horas e não comermos mais nada até ao pequeno-almoço do dia seguinte perfaz 12 horas sem comer”, explica a especialista. Mas os benefícios totais só são conseguidos a partir de períodos mais longos de privação. “Se conseguirmos estar 16 horas sem comer, atingimos a reprogramação metabólica, ou seja, o nosso corpo deixa de ser uma máquina de consumir açúcar e começa a ser uma máquina de consumir gordura e gordura acumulada”, esclarece. E, curiosamente, de acordo com Alexandra Vasconcelos, quando estamos muitas horas sem comer, temos menos vontade de o fazer. “O jejum vai equilibrar os mediadores da fome e da saciedade e a pessoa vai ficar com menos vontade de comer.” Estar 24 horas sem comer, de vez em quando, é também aconselhado por esta especialista. Mas tudo depende de cada um. “Há pessoas mais adaptadas, há pessoas que demoram mais tempo. Há pessoas a fazerem 14 horas e chegam rapidamente às 16 e sentem-se lindamente. Há quem faça facilmente 24 horas e consegue obter aquele grande benefício que é o da autofagia.” Ou seja, a regeneração natural das células, reduzindo a probabilidade do surgimento de algumas doenças, além de aumentar a longevidade.
Fazer de uma forma progressiva
Para quem quer iniciar este tipo de alimentação, Alexandra recomenda que se faça de uma forma progressiva. O mínimo são as 12 horas e depois suba lentamente para as 14, depois 16 e por aí adiante. “Tem de beber pelo menos 2 litros de água e ir ouvindo o seu corpo.” Consultar um médico e fazer análises recorrentemente é sempre aconselhado. Até porque, como alerta a especialista, é possível “sentir nos primeiros quatro, cinco dias alguma fraqueza, estômago vazio, tontura, dores cabeça, tensão baixa. É a mesma coisa que um carro. Se estou habituada a ir a um depósito buscar energia e a outra rota metabólica, há que passar um período de adaptação e a partir daí começa a ser mais fácil”. Durante o jejum, é possível beber café, chá, café com óleo de coco, e outras soluções. Depois destas horas sem comer, a autora alerta que é preciso ter atenção ao que se ingere e a primeira refeição é crucial. Como se lê no seu livro “As Receitas – O Poder do Jejum Intermitente”, “se introduzir açúcares, ou mesmo hidratos de carbono, que rapidamente se transformam em açúcares, o seu corpo vai automaticamente transformar esses alimentos em calorias que, se não forem usadas, irão ser acumuladas sob a forma de gordura na tentativa de repor a que foi gasta durante o período de jejum”. Alexandra Vasconcelos recomenda que se quebre o jejum com alimentos leves, ricos em fitonutrientes, vitaminas, minerais, antioxidantes, fibra, bastante gordura saudável e alguma proteína. Assim, em vez de optar por, ao pequeno-almoço, comer uma sandes com manteiga, opte por ovos mexidos com abacate, por exemplo. Se saltar logo para o almoço, certifique-se que não ingere arroz, massa, batata.