Em Fevereiro deste ano, no arranque de “Amor Amor”, Rogério Samora esteve à conversa com a TvMais e levantou a ponta do véu sobre este projeto, os desafios e a fase da vida em que se encontrava. Recorde esta entrevista.

Já está dedicado à sua nova personagem, o Cajó de “Amor, Amor”. Quem é este homem?

É uma personagem que qualquer ator fica contente quando é convidado para desempenhar. Temos que perceber que a novela se passa num ambiente pequeno, onde quem tem olho é rei. Este tipo acha que é de facto o rei de Penafiel, o Bryan Adams de Penafiel, é um engatatão, um mitra, um gigôlo e vai-se safando, fazendo umas maldades.

Não é muito boa pessoa.

De todo! Acha-se muito engraçadinho, mas vive em função do seu umbigo não respeitando ninguém, sendo muito dissimulado, mentiroso. Ele é como um ATM onde as pessoas precisam de meter dinheiro para depois levantar. Ele precisa de alguém que o sustente para poder exibir-se. Não tem muito respeito pelas mulheres, vou ser mauzinho para elas, não há qualquer violência física sob elas mulheres – e ainda bem, porque acho que já há tanta na nossa vida real e à nossa volta. Exerce sim violência emocional, porque acha que todas lhe têm que achar graça e ser dele.

Como foi a sua preparação?

Tive duas aulas com um baixista, porque ia tocar baixo e quando entrei em plateau deram-me uma guitarra e eu nunca tinha pegado numa guitarra elétrica. E aí tive a ajuda preciosa do Ivo Lucas, que fora do palco me foi dirigindo e disfarcei bem. Às vezes há imprevistos que temos que solucionar.

Esta novela fala das tradições populares e têm o Toy como produtor musical. Como tem sido trabalhar com ele?

Ele sabe qual é a tecla em que se carrega para a música entrar no ouvido. Disso não tenho dúvidas! Eu não posso ouvir aquela música do genérico à noite, porque depois acordo várias vezes a cantar a música, mas entra no ouvido e para isso é preciso talento. O Toy é um talento, para além de ser uma extraordinária pessoa. E já o conhecia. Para além dele, entre outras, tivemos a Ruth Marlene, a Mónica Sintra, com quem tive opção de trabalhar e que trato como brother, porque o Cajó conhece toda a gente. Ele até acha que é alguma coisa por causa dele. Ele é um grande cromo, mas um cromo perigoso.

Foi um presente, depois deste sofredor Joaquim de “Nazaré”?

Foi. Bolas para o Joaquim! O que aquele homem sofreu por amor. É muito engraçado, são dez anos aqui na SIC, sete novelas, e todas elas foram um presente. E devo dizer-lhe uma coisa: quando não são presentes, ou são presentes meio envenenados eu transformo-os em bons rebuçados. Mesmo assim não houve nenhum, não tenho razão de queixa. Sou mesmo feliz com o meu trabalho, gosto mesmo de trabalhar, acordar para ir trabalhar, independentemente se durmo duas horas, três, quatro. Gosto mesmo muito de trabalhar.

E entrega-se muito.

Entrego, continuo a levar este trabalho a sério, porque fui educado pelo meu pai assim. É um bocadinho a filosofia chinesa: ‘se queres ser alguém, tens que trabalhar’. Nunca me foi dito isto mas foi-me dito sempre ‘se queres ter dinheiro, tens que trabalhar’. Então sempre fui educado a trabalhar. Gosto mesmo muito de trabalhar. Agora também goste talvez de uns períodos de pausa, mas tem que ver talvez com o excesso de trabalho que tenho tido ultimamente, porque nunca parei, nem durante o confinamento.

Já largou aquela ideia de deixar de ser ator?

Já, já. Às vezes digo coisas sem pensar e depois isso é interpretado como ‘estou a chamar à atenção’, já nem ligo. Às vezes falo é com o coração nas mãos e digo tudo o que me vem à cabeça e com a idade tenho refreado um pouco isso. Hoje já penso mais antes de falar e também penso no efeito do que eu falo e do que vai sair na Internet e quando entra na Internet nunca mais sai de lá. Acho que foi excesso de cansaço que me fez sair essa decisão. Olhe, já nem sei às vezes onde é que está o palco, se está na vida, se não. Por exemplo, vim do fim da ‘Nazaré’, entretanto despachei um filme, depois fiz outro, fui trabalhando para esta novela, vou fazendo locuções…

Aparecem os projetos e não consegue dizer que não.

Tenho alguma dificuldade em dizer que não. Mas agora já digo mais vezes que não. Às vezes não justifico é porque é que estou a dizer que não, porque sei que às vezes pode magoar o outro lado e não gosto que isso aconteça.

Consegue deixar o Cajó em estúdio ou ele vai consigo para casa?

Não, não. Ele vai comigo para casa porque é criado por mim e tenho que o domar, domesticar. Ele não pode tomar conta de nós, porque aí passamos para o lado da esquizofrenia e da bipolaridade.

Ficou com pena de a Alexandra Lencastre ter saído da novela?

Fiquei surpreendido, porque não fazia a mínima ideia. Não sei as causas – o que sei é pela imprensa – que está doente, se isso é verdade, acho que é, espero que melhore rápido. Ela teria oportunidade de fazer um grande, grande trabalho, mas a Luísa Cruz está extraordinária e ninguém é insubstituível.Respeito as decisões e escolhas dos meus colegas, como também agradeço que o faça comigo. Espero que onde quer que esteja, esteja bem e melhore rápido.

Como tem sido gravar nestas contingências atuais?

As pessoas habituam-se. Há todos os cuidados, é tanto gel nas mãos, tantas vezes ao dia e às vezes chego a casa e é tanto gel que já está entranhado. Andamos sempre com máscara até ao limite. É engraçado estar sempre a chamar a atenção para pôr a máscara. Já o fazia na “Nazaré” com a Carolina Loureiro. Isto ainda está para durar e temos que aceitar e ter respeito por nós e pelos outros.

Vive com medo?

Não. Não vivo com essa palavra. Sei que ela existe, às vezes digo que tenho receio. Acho que o medo não é um bom amante, não é bom companheiro para nada, porque quanto mais medos tivermos mais as nossas defesas em baixo ficam e disponíveis ficamos para o vírus ou o que quer que seja nos atacar. Devemos viver de forma atenta, com cuidado, mas sempre com cuidado.

Falou-me do Ivo Lucas, ele está neste momento a viver uma fase difícil. Como está a lidar com isso?

Soube da notícia eram dez para as seis da manhã e devo dizer-lhe que ao fazer a barba para ir filmar nesse dia pensei muito no Ivo e cheguei a uma conclusão: tal como a vida, a estrada também é imprevisível. O Ivo faz-me falta a mim, ao projeto, mas neste momento ele faz falta a ele próprio e a única coisa que peço é que os amigos, as pessoas próximas dele, o ajudem e lhe façam companhia. Falem com ele. É impossível ele estar bem depois do que aconteceu, mas espero que recupere rápido e aceite. É assim. A vida é isto. É feita de surpresas.

Palavras-chave

Relacionados

Mais no portal

Mais Notícias

Caras conhecidas atentas à moda

Caras conhecidas atentas à moda

As primeiras palavras de Mel B depois de criticar Gery Halliwell

As primeiras palavras de Mel B depois de criticar Gery Halliwell

Em Peniche, abre o Museu Nacional Resistência e Liberdade - para que a memória não se apague

Em Peniche, abre o Museu Nacional Resistência e Liberdade - para que a memória não se apague

Teranóstica: O que é e como pode ser útil no combate ao cancro?

Teranóstica: O que é e como pode ser útil no combate ao cancro?

Parcerias criativas, quando a arte chega à casa

Parcerias criativas, quando a arte chega à casa

Caras conhecidas atentas a tendências

Caras conhecidas atentas a tendências

25 imagens icónicas do momento que mudou o País

25 imagens icónicas do momento que mudou o País

LockBit: Ameaça informática agora faz-se passar por funcionários de empresas

LockBit: Ameaça informática agora faz-se passar por funcionários de empresas

Ordem dos Médicos vai entregar a ministra

Ordem dos Médicos vai entregar a ministra "seis prioridades para próximos 60 dias"

Sede da PIDE, o último bastião do Estado Novo

Sede da PIDE, o último bastião do Estado Novo

Passatempo: ganha convites para 'A Grande Viagem 2: Entrega Especial'

Passatempo: ganha convites para 'A Grande Viagem 2: Entrega Especial'

Quis Saber Quem Sou: Será que

Quis Saber Quem Sou: Será que "ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais?"

Em “Cacau”: Tiago beija Cacau após o nascimento de Marquinho

Em “Cacau”: Tiago beija Cacau após o nascimento de Marquinho

Salgueiro Maia, o herói a contragosto

Salgueiro Maia, o herói a contragosto

25 peças para receber a primavera em casa

25 peças para receber a primavera em casa

Luísa Beirão: “Há dez anos que faço programas de ‘detox’”

Luísa Beirão: “Há dez anos que faço programas de ‘detox’”

Palácio de Buckingham anuncia regresso do rei ao trabalho com uma romântica foto de Carlos III e Camilla

Palácio de Buckingham anuncia regresso do rei ao trabalho com uma romântica foto de Carlos III e Camilla

GNR apreende 42 quilos de meixão em ação de fiscalização rodoviária em Leiria

GNR apreende 42 quilos de meixão em ação de fiscalização rodoviária em Leiria

8 looks elegantes e confortáveis com calças pretas

8 looks elegantes e confortáveis com calças pretas

Portugal: Cravos que trouxeram desenvolvimento

Portugal: Cravos que trouxeram desenvolvimento

ByteDance prefere fechar TikTok nos EUA do que vender rede social

ByteDance prefere fechar TikTok nos EUA do que vender rede social

MAI apela à limpeza dos terrenos rurais

MAI apela à limpeza dos terrenos rurais

O futuro começou esta noite. Como foi preparado o 25 de Abril

O futuro começou esta noite. Como foi preparado o 25 de Abril

Ao volante do novo Volvo EX30 numa pista de gelo

Ao volante do novo Volvo EX30 numa pista de gelo

Tempo de espera para rede de cuidados continuados aumentou em 2022

Tempo de espera para rede de cuidados continuados aumentou em 2022

Dânia Neto usou três vestidos no casamento: os segredos e as imagens

Dânia Neto usou três vestidos no casamento: os segredos e as imagens

Nos caminhos de Moura guiados pela água fresca

Nos caminhos de Moura guiados pela água fresca

25 de Abril, 50 anos

25 de Abril, 50 anos

Startup finlandesa produz comida a partir do ar e energia solar

Startup finlandesa produz comida a partir do ar e energia solar

Pigmentarium: perfumaria de nicho inspirada na herança cultural da República Checa

Pigmentarium: perfumaria de nicho inspirada na herança cultural da República Checa

JL 1396

JL 1396

Parece que nem tudo foram sorrisos no reencontro das Spice Girls

Parece que nem tudo foram sorrisos no reencontro das Spice Girls

Tesla introduz novo Model 3 Performance

Tesla introduz novo Model 3 Performance

25 de Abril contado em livros

25 de Abril contado em livros

19 restaurantes abertos de fresco, em Lisboa e no Porto

19 restaurantes abertos de fresco, em Lisboa e no Porto

Em “Cacau”: Simone e Sal tornam-se sem abrigo

Em “Cacau”: Simone e Sal tornam-se sem abrigo

Os ténis fabricados em Portugal (e recomendados por podólogos) pelos quais as mães são obcecadas

Os ténis fabricados em Portugal (e recomendados por podólogos) pelos quais as mães são obcecadas

Os livros da VISÃO Júnior: Para comemorar a liberdade (sem censuras!)

Os livros da VISÃO Júnior: Para comemorar a liberdade (sem censuras!)

Vamos falar de castas?

Vamos falar de castas?

Equipe a casa no tom certo com aparelhos eficientes e sustentáveis

Equipe a casa no tom certo com aparelhos eficientes e sustentáveis

Conheça os ténis preferidos da Família Real espanhola produzidos por artesãs portuguesas

Conheça os ténis preferidos da Família Real espanhola produzidos por artesãs portuguesas

Anne Hathaway conta que teve de beijar 10 homens durante um casting para um filme.

Anne Hathaway conta que teve de beijar 10 homens durante um casting para um filme. "Fingi que estava entusiasmada e continuei"

Montenegro diz que

Montenegro diz que "foi claríssimo" sobre descida do IRS

Caras Decoração: escolhas conscientes para uma casa mais sustentável

Caras Decoração: escolhas conscientes para uma casa mais sustentável

Exame Informática TV nº 859: Veja dois portáteis 'loucos' e dois carros elétricos em ação

Exame Informática TV nº 859: Veja dois portáteis 'loucos' e dois carros elétricos em ação

Vista Alegre: Há 200 anos de memórias para contar

Vista Alegre: Há 200 anos de memórias para contar

Como identificar um psicopata, segundo um psiquiatra forense

Como identificar um psicopata, segundo um psiquiatra forense

Ensaio ao Renault Scenic E-Tech, o elétrico com autonomia superior a 600 km

Ensaio ao Renault Scenic E-Tech, o elétrico com autonomia superior a 600 km