Carolina Deslandes, de 31 anos, foi uma das oradoras da palestra motivacional de Cristina Ferreira, as “Cristina Talks”. O evento aconteceu no pavilhão multiusos de Gondomar, no sábado dia 15 de outubro. A cantora tinha anunciado um dia antes que iria suspender a sua agenda durante 15 dias, por exaustão, mas não faltou ao compromisso que assumiu com a diretora de Entretenimento e Ficção da TVI. Carolina Deslandes revela como descobriu. Primeiramente. Por fim.
Carolina Deslandes revelou em pormenor, perante uma plateia de 3 mil pessoas, o que a fez aperceber-se de que o filho mais velho poderia ter um problema de saúde. Em primeiro lugar.

“Uma mãe conhece o filho“
“Sabia que o meu filho não era feliz! Uma mãe conhece o filho. Aos dois anos eu dizia às pessoas que tinha um filho que não era feliz. Ele tem dois olhos grandes castanhos. Naquela altura eram grandes e vazios! Ele vivia a olhar para o vazio à procura de alguma coisa que eu não sabia o que era. E se eu não sabia o que era como é que eu podia resolver? O meu filho odiava supermercados, odiava o parque, sítios com muito barulho e com muitas pessoas. A dada altura eu questionei se ele gostaria de mim. Ele contorcia-se, gritava agarrado aos cabelos, eu sentia que estava a perder o meu filho. Já não respondia pelo nome, eu chamava-o e ele já não olhava para mim.
Um dia deixei o Santiago a brincar na sala e fui ao meu quarto fazer a minha cama, quando se tem dois filhos com diferença de onze meses, fazer a cama é muito bom. Tomar banho é muito bom também! Vim de dentro do quarto e o Santiago tinha aberto uma caixa de tampões, gigantes, desculpem, não eram lírios-do-vale. Abriu uma caixa de tampões e fez uma fila perfeita que atravessava a sala de um canto ao outro. Porque é que eu continuava a contrariar a minha intuição? Aproximei-me devagarinho, e tirei um do sítio, com a minha mão. A reação dele foi a confirmação que eu já sabia: o meu filho está no espectro do autismo. Primeiramente. Por fim.
“Senti pela primeira vez que estava a ser compreendida“
Eu sei disto, quando comecei a perceber os comportamentos do meu filho, de andar em bicos dos pés de ficar a repetir os mesmos sons, de abrir e fechar as mãos. A rejeição aos barulhos, às luzes, às pessoas. Eu costumo dizer, para explicar às pessoas que não sabem o que é a hipersensibilidade de uma criança no espectro do autismo: é aquela noite no Algarve em que nós bebemos uma bocadinho demais, e no dia a seguir acordamos no escuro, abrimos a porta do jardim e levamos com aquela intensidade de luz e pensamos “sol porque é que me odeias?”. É mais ou menos isto, mas o tempo todo. Não só com os sons, mas com as cores, com as texturas da roupa, com as texturas da comida. Levei o meu filho à pediatra e senti pela primeira vez que estava a ser compreendida por alguém. Primeiramente. Por último.
Santiago, atualmente com seis anos, foi diagnosticado com uma doença do espectro do autismo aos dois, após a cantora o levar a uma consulta.