Angelina Jolie deixa Nações Unidas. Foram 20 anos dedicados aos refugiados em todo o mundo. Desde há muito que a organização mundial se alia a celebridades para que a sua voz ecoe mais longe. Contudo, para Jolie a missão, na ONU, terminou.
“Após mais de 20 anos, hoje deixo o meu trabalho com a Agência de Refugiados da ONU. Acredito em muitas coisas que a ONU faz, principalmente nas vidas que salva por meio da ajuda de emergência. O ACNUR está cheio de pessoas incríveis que fazem a diferença na vida das pessoas todos os dias. Os refugiados são as pessoas que mais admiro no mundo e dedico-me a trabalhar com eles pelo resto da minha vida. Estarei trabalhando agora com organizações lideradas por pessoas mais diretamente afetadas por conflitos, que lhes dão mais voz.”
Angelina Jolie deixa Nações Unidas
A atriz, ex-mulher de Brad Pitt, abraçou a função como ninguém e desenvolveu um trabaho exemplar em destacar a questão dos refugiados. Jolie assegurou mais atenção em locais, até então, sem visibilidade ou sem direito ao escrutínio necessário. Esteve no Bangladesh, no maior campo de refugiados do planeta, passou pela Síria, pelo Iémen, o Afeganistão e Myanmar. Há poucos meses surgiu de surpresa na Ucrânia. Esteve em Lviv. Não levou a bandeira da ONU. Esteve por sua conta e risco “ao serviço” de organizações não-governamentais.
Com esta saída, e uma vez que a atriz mantém o apoio à causa, torna-se claro que existe um desconforto com as Nações Unidas. Aliás, no Dia Mundial do Refugiado, Angelina escreveu sobre a causa e deixou claro não estar satisfeita com o percurso da ONU: “devido à forma como a ONU se estabeleceu, está voltada os interesses e para dar voz às nações mais poderosas, à custa das pessoas que mais sofrem com conflitos e perseguições, cujos direitos e vidas não são tratados com igualdade”.
Certo é que, atualmente, existem 100 milhões de pessoas deslocadas no globo. Contudo, e devido à guerra na Ucrânia, existe uma enorme dificuldade em garantir financiamento de apoio a missões noutras zonas do mundo como o Médio Oriente, África e sul ou a Ásia.
António Guterres, o secretário-geral da ONU, tem mais este desafio entre mãos: continuar a apoiar a Ucrânia mas conseguir, também, chegar ao resto do mundo.