Quase uma semana após a trágica notícia da morte de Carlos Avilez, um dos seus alunos quebrou o silêncio. Num longo texto no Instagram, José Condessa chora a morte do seu mestre. E não poupa nas palavras com que se dirige ao encenador que morreu na noite de 22 de Novembro.
José Condessa chora a morte do seu mestre
“Tenho-me sentido vazio. Há nestes dias em mim um lugar oco, como se me tivessem roubado algo que queria guardar com muita força e não fui capaz”, escreve o ator, primeiramente. Em seguida, relata como tentou superar a dor: “Fui para o nosso teatro. Procurei-o em todos os lugares e não o encontrava. Sentei-me, na primeira fila, na minha cadeira ao lado da sua na esperança de ainda ouvir a sua voz, mas não apareceu. Procurei-o no seu escritório, pensando que ao entrar o fosse encontrar com os óculos na ponta do nariz e de volta de uma peça que em breve subiria a cena. Mas a caneta estava pousada (como sempre a deixava) e o seu candeeiro apagado”.
Por isso, prossegue: “Dormi no teatro, porque sempre me ensinou que o mais mágico acontece à noite. E acreditei que, talvez por uma vez, por um segundo que fosse, o pudesse ter ali de novo. Não aconteceu”, lamenta.
“Não me avisaram de que me iria doer tanto”
José Condessa admite, em seguida, que nos últimos dias se sentiu “perdido, deambulando entre as paredes do seu teatro, da sua casa, a olhar olhos que como os meus gritavam e a reviver momentos que misturavam a dor e a alegria numa dose certa para me fazer questionar se sonhava”. Emocionado, o ator enumerou aquilo tudo que sentiu no velório do malogrado encenador. E acabou por concluir: “Sinto-o cada vez que entro em cena, em cada palavra que represento e cada vez que o pano fecha. Encontrei-o na forma como o amo. E sabe, Carlos, depois comecei a olhar à volta e como em mim, nesses olhos perdidos, que também gritavam, o Carlos estava lá. Estava em cada um que o celebrou estes dias. Em cada amigo que abraçou e em cada ator que amou”, atira.
Habituado a expor os seus sentimentos em palavras, a estrela da TVI lamentou ainda: “Não me avisaram de que me iria doer tanto. Mas acho que é o preço a pagar quando se ama muito alguém. Sei que o vou guardar dentro de mim até ao fim. Sei-o porque o Carlos me é indissociável. Vi-o sair do palco e deixar o seu teatro pela última vez”. E, por fim, escreve ainda que nunca esquecerá o seu mestre “porque enquanto eu por cá andar farei questão de que se lembrem que L’Enfant Terrible amou completamente o Teatro e que o Teatro sempre lhe fez uma vénia”.
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