
Tenho dormido muito mal desde que começou a quarentena. É normal? João Passos, Ovar
Este é um momento único na história da Humanidade. Fomos obrigados a parar e a refletir, a olhar para nós e para quem está ao nosso lado no dia a dia, sejam os parceiros, filhos, pais, amigos, vizinhos, conhecidos…
Os primeiros momentos foram de negação, depois de choque, em que nos questionámos se seria possível que um fragmento microscópico pudesse, efetivamente, ter capacidade para parar uma sociedade… um planeta. De repente, todos podemos ser um potencial alvo, pois descobrimos que somos muito mais iguais, e verificamos que temos um papel, uma responsabilidade para connosco, para com os nossos, e para com a sociedade na qual nos inserimos.
Finalmente, chega o grande desafio desta quarentena: o convívio 24 h sobre 24 h com quem está ao nosso lado, mas, principalmente, com o nosso próprio Eu.
Se a relação familiar era equilibrada e baseada na serenidade e no respeito mútuo, este convívio sofre alguns ajustes, mas claramente tem tudo para se fortalecer. Mas se, por outro lado, o equilíbrio familiar já era mais frágil e sobrevivia camuflado no ritmo alucinante do dia a dia, então este momento de confinamento pode ser, efetivamente, muito mais complexo e desafiante.
O stresse gera stresse, a angústia gera angústia, a ansiedade potencia-se e o sono vai ficar comprometido. Adicionalmente, a alteração de hábitos e de ritmos, em que se privilegia passar a noite nas redes sociais, ou a ver filmes, séries ou a jogar vai contribuir para comprometer o nosso sono.
Mas se, pelo contrário, conseguirmos manter algum equilíbrio pessoal e/ou familiar com ritmos e hábitos adequados, vamos potenciar a quantidade e a qualidade do sono, que vai, por sua vez, contribuir para descobrir, como diz o ditado… “uma janela aberta quando se fecha uma porta…”