Hully manifestou a sua indignação na rede social Facebook. Ao que parece, Jorge, concorrente de “Love on Top 2”, terá feito alguns comentários pouco agradáveis relativamente ao povo brasileiro, o que levou a namorada de Filipe a escrever um texto revoltado:
“Eu, Hully, Brasileira, venho manifestar a minha indignação com o preconceito e discriminação contra as mulheres brasileiras que vivem não só em Portugal, mas em qualquer outro lugar do mundo, sob pessoas que alimentam este tabu de que toda mulher brasileira vive de prostituição e que todo homem brasileiro é preguiçoso.
Vivo em Portugal desde os meus 15 anos; diga-se de passagem, saí muito nova do meu país, deixei para trás todos os meus costumes e cultura. Meus amigos e minha família para tentar uma “vida melhor”, ter uma melhor educação, melhor estudo e consequentemente ter uma melhor vida do que aquela que poderia ter no meu país por falta de proporcionalidade que o Brasil oferece a um jovem que quer crescer com as próprias pernas!
Eu tive essa oportunidade. Mas muitos dos milhares de brasileiros que vivem na pobreza de uma cidade do interior brasileiro não tiverem e talvez nunca virão a ter.
As mulheres, desde muito novas, além de preocupadas com a estética, tendem a desenvolverem-se mais rápido que as Portuguesas, saem do seu país, por vezes até com boa formação e boa condição financeira para ter e proporcionar uma qualidade de vida melhor a ela e a sua família, mas pelo único facto de usar roupas curtas ou mais decotadas, por ter a mesma língua que a tua, mas com um sotaque diferente já é libertina, vulgar, e veio para outro país a procura de vida fácil.
Generalizar uma nação é falta de bom senso! Sendo assim, poderia dizer que todo português é padeiro e toda portuguesa tem bigode.
Qual o país que não existe prostituição, padeiros e mulheres com buço?
Para os mal informados, como o Jorge, do programa televisivo Love on Top 2, xenofobia (medo, aversão ou profunda antipatia com estrangeiros) é crime. Não se pode mais, em pleno século XXI, julgar uma pessoa pela sua raça, cor, religião, ou seja o que for. Não é preciso gostar, mas respeitar e tratar com igualdade é digno de qualquer pessoa com boa educação e índole.
Não vim aqui julgar o Jorge, nem como jogador, nem como pessoa, porque tal como ele, existem milhões de pessoas que pensam o mesmo.
Nós, estrangeiros, lidamos com isso quase todos os dias, mas não é por lidarmos com esse tipo de crime, que devemos pactuar com o que acontece aos olhos de todos.
Há uma crescente negatividade em cima da imagem do brasileiro. As más notícias avolumam-se na Europa, nos Estados Unidos, no Japão. E não adianta culparmos a “laranja podre” que estraga o laranjal ou a safra. Quando uma imagem é montada, produzida, fabricada, na brincadeira ou não, com maldade ou não, é difícil fugir. O que mais incomoda não é o brasileiro ocupar empregos, competir, ganhar e mandar dinheiro para o Brasil. É o comportamento despojado, leve, diferente, de brasileiros e brasileiras. Há mais venezuelanas, salvadorenhas, argentinas, mexicanas, vivendo de prostituição, do que brasileiras. Mas, “a bola da vez” é a brasileira. Ainda não é um carimbo definitivo. É uma tatuagem que pode ser removida.
Não é o brasileiro faminto, miserável, que está emigrando. As viagens legais ou ilegais custam caro. Brasileiras desdentadas não sobrevivem e não fazem sucesso entre prostitutas espanholas, portuguesas, inglesas, húngaras, polacas. Temos muita terra e espaço. Faltam sim, oportunidades, motivação, confiança no presente e no futuro. Há, sobretudo, muita decepção com nossos governantes, com a nossa Justiça, com as nossas instituições. Vivemos na democracia do celular, da internet, do ir e vir, mas sufocados, explorados e manipulados pela ditadura midiática a serviço de grupos e de políticos que ditam as regras. Milhares de cidades brasileiras moral, social e economicamente sucatadas. Nosso capitalismo ainda é primitivo, selvagem, canibalesco.
Criar e manter imagem positiva nunca foi uma tarefa fácil, por isso mesmo, um grande desafio. No exterior, entre muitas comunidades de imigrantes, a imagem é fundamental para o sucesso de todos os brasileiros para vir uma comunidade xenófoba e querer acabar com os sonhos ou rebaixar valores de quem quer que seja.“