Na entrevista que deu ao “Jornal das 8”, da TVI, no dia 13 de setembro de 2020 e que assinalou o seu regresso à estação de Queluz, Cristina Ferreira afirmou que sempre se sentiu uma “emigrante na SIC” e que a sua passagem pelo canal do grupo Impresa se resumiu ao “Casa da Cristina”. No entanto, a SIC alega, no processo que moveu contra a apresentadora e em que lhe exige uma indemnização superior a 20 milhões de euros (e ao qual a nossa revista teve acesso), que ela se recusou a participar noutros projetos do canal. “Foi-lhe proposta a apresentação de A Máscara, Lipsync Portugal, O Noivo é que Sabe, Escola de Sogras e A Experiência, mas declinou fazê-los, alegando um potencial desgaste da imagem e da marca Cristina Ferreira”, pode ler-se.
Apalavrado estava, no entanto, que Cristina iria conduzir a gala dos Globos de Ouro de 2021, o programa “O Outro Nível” e um novo formato para a plataforma de streaming da SIC. Aliás, a estação de Paço de Arcos frisa, por diversas vezes, o seu espanto pela saída abrupta da comunicadora, já que nada levava a crer que esse fosse o desfecho. Tanto que, no dia 26 de junho de 2020, Daniel Oliveira lhe propôs uma “renovação antecipada do contrato”, que seria então renovado a 1 de janeiro de 2021 e vigoraria até 31 de dezembro de 2025. O salário seria de 90 mil euros/mês – um vencimento superior a um milhão de euros por ano. “Um mês e meio depois, de forma absolutamente inesperada e surpreendente, Cristina Ferreira declarou vontade de cessar unilateralmente e sem qualquer fundamento” o contrato com a SIC, consta do despacho.
Indemnização
No processo que já deu entrada no tribunal, e em que a SIC pede que Cristina seja “condenada a pagar 20.287.084 milhões de euros a título de cláusula penal e dano excedente acrescido de juros de mora”, é invocada por diversas vezes a 6a cláusula do contrato entre a estação e a apresentadora, em novembro de 2018, em que se lê que quem o cesse antes do final, unilateralmente, “fica obrigado ao pagamento de um valor equivalente ao valor do preço que seria devido até termo de duração do contrato sem prejuízo do eventual dano excedente”.
Uma história de milhões
Este processo veio trazer a público os reais valores que Cristina auferia enquanto estava na SIC. Foi contratada para as funções de consultora executiva para a área de Entretenimento com um salário de 960 mil euros por ano + IVA a ser pago em prestações mensais de 80 mil euros. A isto acresciam extras. Só por “Prémio de Sonho” recebeu 60 mil euros + IVA. Também tinha direito a comissões pelas boas audiências, pelas chamadas telefónicas e repartia com a estação os lucros em publicidade.