A Prazeres de “Terra Brava” ficará para sempre na história das grandes personagens de novela. Noémia Costa, que a interpreta, estava em Londres a trabalhar quando a chamaram e chorou assim que percebeu o desafio. Neste Natal, junto do primeiro neto, Lucas, a atriz de 56 anos (que perdeu a mãe durante as gravações da trama), agradece o grande presente que foi interpretar a Prazeres.
Consegue eleger os melhores momentos de “Terra Brava”?
Nós rimos muito! Os meus colegas, especialmente, riram muito com a Prazeres. Havia cenas de ir às lágrimas e os momentos de descompressão faziam falta. Eu canto e uma das coisas mais difíceis que tinha de fazer era desafinar quando estávamos a fazer o coro. Foi um martírio.
Qual foi o maior desafio?
Sabia que iria ser bom. Não esperava tanto… Mas, à medida que os textos chegavam, entrava em pânico. A única coisa que eu não queria era falhar. Depois de 12 horas de trabalho, estudava as cenas do dia seguinte. Levantava-me todos os dias às 5 h da manhã para ler novamente o texto, até as 6.45 h, e depois estava nos estúdios às 8 h. Foram 13 meses assim. A dormir uma média de 5 horas por dia, mas em êxtase, muito feliz mesmo!
Existem alguns traços de personalidade da Noémia na Prazeres ou vice-versa?
A Prazeres não é má. Tem uma forma de amar estranha, castradora. Não sou assim. Saber amar é saber deixar voar, é saber libertar. Nisso, não tem nada a ver comigo. Mas tem uma certa dose de loucura e eu também. Ela e eu temos uma coisa em comum: somos cuidadoras, ela cuida da família, do Carlos e da Sara, do Raul.
Inspirou-se em alguém?
Quando soube que se chamava Maria dos Prazeres Pinto… – a minha mãe era Maria dos Prazeres –, comecei logo a chorar… Disseram-me que era fã do Marco Paulo e dos seus temas, que até pôs o nome dele ao filho… A minha mãe adorava o Marco Paulo, sabia os temas todos… continuei a chorar. Não acredito em coincidências. Esta Prazeres foi escrita no céu. E era minha. Quando me deram o briefing da personagem, comecei a compô-la. Há algumas expressões que a Prazeres usa que fui buscar à minha mãe.
Ficou com alguma peça ou acessório da Prazeres?
Com os brincos! Perguntei à figurinista se os podia comprar mas acabaram por ser oferecidos. Estão guardados e agora, quando preciso deles para fazer de Prazeres, já os tenho.
Quem é que a Prazeres sentava à mesa de Natal na novela?
A família: o filho, a neta, a irmã, o cunhado, o sobrinho, a namorada do filho – porque a Prazeres vai ter de se habituar à ideia –, o Carlos, o Diogo, a Beatriz, a Teresa, a bebé deles… acho que sentaria todos menos a Eduarda.
E a Noémia?
Sentava todos: o elenco completo, os técnicos, o guarda-roupa, a maquilhagem, luz, som. Foi, sem dúvida, uma equipa brutal. Fazer uma ceia de Natal com toda a malta de “Terra Brava” era um grande presente de Natal.
Do núcleo de atores com quem contracenou quem é vai ficar para a vida?
Ui, são tantos. Há muitos com quem ainda não tinha trabalhado. Gosto muito do Diogo Amaral, foi o meu filho. Também adoro o João Baptista, é um menino com um coração muito grande e tem uns olhos que não mentem. Gosto da Bruna Quintas, da Sara Matos, da Luciana Abreu. É difícil porque foram todos fantásticos e dava-me bem com todos. Vou levá-los a todos no coração e espero que nos possamos encontrar o mais rápido possível. Falta isso, porque não foi possível no fim das gravações.
Gostou do desfecho de “Terra Brava”?
Não foi o que mais ambicionava para a Prazeres, o que eu mais gostaria. Mas há uma certeza: ela continua uma lutadora. Estou muito ansiosa para ver o último episódio, porque o trabalho foi tanto, tanto! Estando a fazer uma novela, deixamos de ter vida.