Não há notícia de qualquer avanço da investigação nos últimos tempos. Até hoje, a Polícia Judiciária (PJ) não chegou a qualquer corpo, mas mantém, com o Ministério Público (MP), a suspeita de que Francisco Leitão matou Tânia Ramos (27 anos), Ivo Delgado (22 anos) e Joana Correia (16 anos). Foi graças ao desaparecimento de Joana (menor de idade) que as investigações começaram. Até aí, os desaparecidos, por serem maiores, não foram procurados. O autodenominado “rei (Ghob) dos Gnomos”, está em prisão preventiva no estabelecimento prisional anexo à PJ, em Lisboa, há um ano, mas nunca confessou qualquer dos crimes. Esse é o segredo da sua defesa. Se nada se alterasse e não saísse acusação, Leitão poderia sair para a rua por excesso de prisão preventiva (um ano)? Não. O processo foi declarado ter “especial complexidade” e isso implica que Leitão pode ficar preso preventivo até um ano e meio sem condenação, explicou à tvmais uma fonte ligada à investigação. Ademais, há muitas outras suspeitas (e processos em curso) que recaem sobre o “rei Ghob”. Burla, abuso de menores, etc…, explicou a mesma fonte. Afinal, sem corpos, o que é que o MP tem para acusar Francisco Leitão? Algo. Quando foi preso, o “rei dos Gnomos” tinha em seu poder e fazia uso de diversos objectos das pessoas desaparecidas. Pessoas que a PJ insiste em defender já terem morrido há muito (ver caixa). Carro, cartões bancários, telemóveis, roupas, objectos pessoais, material informático, imagens, etc. Mal as pessoas desapareciam, Leitão manipulava os familiares destas, convencendo-os de que mantinha contactos com os desaparecidos. Levou até o pai de um deles a Espanha, para ver o filho, e, claro, este não viu ninguém.
Buscas em vão
No último ano, já com o “rei Ghob” preso, a PJ procurou os corpos na barragem de São Domingos, no castelo (onde Francisco morava com a irmã), incluindo uma cela subterrânea, nos terrenos anexos, em barracões, matas e lagos envolventes da região de Carqueja, na Lourinhã. Recolheu algumas provas, mas de corpos, nada. Assim, o MP vai ter de basear a acusação do triplo homicídio nas apreensões dos pertences das vítimas que a PJ fez a Francisco Leitão.
Até sexta-feira, dia 22
O “rei do Gnomos” está preso desde 22 de Julho de 2010. Até ao próximo dia 22, o MP deverá avançar com uma tripla acusação contra Francisco Leitão: homicídio qualificado, ocultação de cadáver e sequestro. Três crimes cometidos contra cada uma das três pessoas desaparecidas. Segundo a investigação, o “rei dos Gnomos” assassinou os três. Tânia Ramos, a 5 de Julho de 2008, Ivo Delgado (namorado de Tânia) – que mantinha uma relação homossexual com Leitão – a 26 do mesmo mês, e, em 2010, a 3 de Março, Joana Correia.
Tribunal de júri
O “Diário de Notícias” adiantou, recentemente, que o Ministério Público vai pedir que seja um tribunal de júri (três juízes e quatro cidadãos) a julgar o “rei dos Gnomos”. Estes cidadãos (escolhidos nas listas eleitorais da zona do tribunal) irão sentar-se na tribuna, lado a lado com os juízes. A selecção é feita na presença do juiz-presidente, do procurador do MP, dos advogados assistentes da acusação e do advogado de defesa de Francisco Leitão.