
A mulher manteve o apoio ao marido no julgamento e apontou as próprias filhas como muito curiosas em relação aos homens e tão frágeis emocionalmente que até poderiam mesmo estar a mentir.
Mãe adoptiva das três menores, 47 anos, é professora na Universidade de Trás-os–Montes e Alto Douro. Sobre a atenção que deu às filhas ao longo dos tempos (a mais nova apareceu grávida de cinco meses), disse nunca ter visto nada de suspeito na casa que partilha há oito anos, com o marido e as filhas que ambos adoptaram.
Em defesa do marido
Ao longo de cinco horas, falou ao tribunal sem olhar uma única vez para o marido. O julgamento decorre em Vila Real, à porta fechada, precisamente por se tratar da vida sexual de menores. Fonte judicial confirmou à TvMais que a senhora evidenciou um sorriso que “tanto poderia ser de desdém como de nervoso”. A mãe das três menores garantiu jamais ter visto algo de estranho e afirmou nem conseguir acreditar que o marido fosse capaz de cometer os actos de que está acusado.
Confrontada
O procurador da República confrontou-a com diversas evidências ou contradições, designadamente escutas telefónicas e mensagens trocadas com o marido. E perguntou-lhe porque não descrevia as filhas com qualquer qualidade. A mulher tentou compensar o facto, mas manteve que as filhas poderiam até não estar a dizer a verdade. Apesar de ser testemunha neste processo, esta mãe é arguida noutro processo por maus tratos às filhas.
Depoimentos das filhas
As três menores foram ouvidas (na altura com 13, 15 e 17 anos) para memória futura, o que as dispensou de deporem agora no julgamento. Contaram então que eram forçadas a actos sexuais pelo pai adoptivo e afirmaram ter mantido o silêncio por medo. Os testemunhos foram considerados semelhantes entre si e credíveis. O caso só foi descoberto através de denúncia anónima da gravidez da mais nova.
“Sou um monstro”
O pai levou a filha mais nova a uma clínica na Póvoa de Varzim. Ali ficou a saber que a menina estava já grávida de 27 semanas. “O pai do bebé sou eu, sou um monstro”, terá exclamado o homem à funcionária da clínica.
ADN negativo
O Ministério Público (MP) ordenou dois testes de paternidade ao homem. Em Maio de 2016, os resultados dos testes de ADN foram redundantes e negativos quanto a ter engravidado a própria filha. O MP manteve-lhe a acusação dos abusos sexuais às três filhas. No tribunal, também já foi ouvida uma médica do Hospital da Trofa, que fez um exame à menor quando ela ainda estava grávida. A tia materna das meninas contou ao tribunal a vez que terá visto o pai das meninas entrar e permanecer na casa de banho enquanto elas tomavam banho. Contou que na época denunciou à família aquele comportamento que lhe pareceu impróprio, e disse que tal foi desconsiderado. O tribunal ouviu também dois dos irmãos do arguido. Até à hora de fecho desta edição não foi possível apurar o que disseram as testemunhas de defesa. Na primeira audiência, a defesa solicitou um teste à virilidade do seu cliente, entendendo que este (50 anos) seria incapaz de concretizar os actos sexuais de que está acusado. O colectivo rejeitou o requerimento. Foram também ouvidos um professor das menores, duas amigas de escola e um inspector da PJ de Vila Real. Tal como fez na fase de inquérito, o pai adoptivo manteve-se em silêncio.
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