Foi perseguido, ameaçado de morte… mas sobreviveu sempre. Como se tivesse sete vidas. Em agosto do ano passado, foi vítima de um violento esfaqueamento que deixou marcas profundas. Ao The New Yorker, o escritor fala pela primeira vez do ataque e do seu 16º romance publicado, prestes a sair para as bancas.
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Salman Rushdie ficou cego de um olho e com uma mão incapacitada, na sequência do violento ataque de que foi vítima. Aconteceu no ano passado, em Nova Iorque, quando se preparava para uma palesta.
Ainda assim, o escritor sobreviveu e ainda pode ver o publicado o seu 16º romance, “Victory City”.
Numa entrevista ao The New Yorker, Rushdie fala, pela primeira vez, do ataque, mas também fala em “sorte” e em “gratidão. Contudo, deixou claro que não quer ser recordado como vítima, apesar dos desafios que agora enfrenta. Ou seja, Rushdie tem dificuldade em escrever, devido às lesões, e os pesadelos são um tormento.
O escritor britânico de origem indiana, foi esfaqueado no lado direito do pescoço e rosto, na mão esquerda e no abdómen.
Quantas vidas tem o escritor?
Esteve hospitalizado seis semanas. Havia quem o desse como morto. Mas seis meses depois está nas bancas o seu 16º romance, o qual terminou pouco antes do ataque que deixou marcas no escritor que em junho completa 75 anos.
Na entrevista, Salman Rushdie diz que quer que os leitores se deixem captar pelas histórias e vidas das personagens das sua obras, não quer que pensem que alguém lhe espetou uma faca. Não quer que o ataque se sobreponha à sua arte.
Na longa entrevista ao The New Yorker disse ainda estar a recuperar. “Tendo em conta o que aconteceu, não estou assim tão mal. Os ferimentos maiores já cicatrizaram. Tenho sensibilidade no meu polegar, no dedo indicador e na metade inferior da palma da mão. Estou a fazer muita fisioterapia e disseram-me que estou a evoluir muito bem”, afirmou.
“Os Versículos Satânicos” levam a ameaça
No entanto, Salman Rushdie admitiu que tem pesadelos: “Existe uma coisa chamada Perturbação de Stress Pós-Traumático. Tem sido muito, muito difícil escrever. Sento-me para escrever e não acontece nada. Escrevo, mas é uma mistura entre vazio e lixo, coisas que escrevo e depois apago no dia seguinte. Eu ainda não saí dessa floresta”.
De recordar que o escritor sofria ameaças de morte há mais de 30 anos, desde que o governo do Irão anunciou uma recompensa para quem o matasse, devido ao polémico livro “Os Versículos Satânicos”.
O livro, uma das suas principais obras, foi publicado em 1988 e tornou-se polémico. A obra tem uma personagem inspirada no profeta Maomé, o qual é retratado, para os líderes da comunidade muçulmana, de forma ofensiva.
O então líder do Irão, aiatolá Khomeini, ofereceu milhões de dólares pela sua morte. No mesmo ano, o escritor sofreu uma tentativa de homicídio. Viveu anos sob proteção da Scotland Yard. E continuou a escrever.
Mais tarde, Rushdie foi para os EUA. E durante, pelo menos 20 anos, viveu sem proteção policial. Agora, está a repensar se deve ou não voltar a ter segurança. Tem pela sua vida.
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