
No passado dia 3, Sónia Brazão publicou nas redes sociais um singelo agradecimento: “A toda a Unidade de Queimados de S. José, que trago no coração a cada dia que passa, o meu muito Obrigada! Aos meus grandes heróis que nunca desistiram de mim, o meu Eterno sorriso”. Com estas palavras, a atriz assinalava precisamente três anos sobre o dia em que, devido a uma forte explosão, a sua casa era destruída e o seu corpo totalmente queimado.
Em consequência da explosão, Sónia ficou internada na Unidade de Queimados do Hospital de São José, em Lisboa. Entrou com 98% do corpo queimado e, apenas um mês depois, saía pelo seu pé, considerada “um milagre” pelos médicos que a trataram. “Foi uma paciente forte, nunca se queixou”, disse Paula Antunes, uma das médicas daquela unidade, por altura do lançamento do livro “Não Desisto”, que a atriz escreveu para contar a sua versão dos factos.
Seguiu-se um calvário de tratamentos, que obrigavam a visitas regulares àquela unidade hospitalar e a impediram de apanhar sol – o que ainda hoje só pode fazer em horários adequados e devidamente protegida –, vários meses de fisioterapia, fatos compressores que usava para ajudar a pele a recuperar, entre muitos outros cuidados. Devido à intensidade da explosão, teve também de fazer uma reconstrução total dos dentes. “Estou muito feliz, porque recuperei o meu sorriso”, chegou a dizer, agradecendo ao médico Miguel Stanley, que lhe ofereceu o tratamento.
No início de 2012, Sónia surpreendeu o público ao participar no talent show “A Tua Cara Não Me é Estranha”, do canal de Queluz. Tinham passado apenas oito meses desde a tragédia e provava que era no palco que estava bem. “Sinto-me renascida”, disse. Na plateia, teve sempre a mãe, Nelsa, e o irmão, Luís Fonseca. Comovida, a progenitora chegou a dizer: “É uma emoção muito grande vê-la onde ela mais gosta de estar”.
No ano seguinte, decidiu arriscar mais em “Splash! Celebridades”, da SIC, mostrando um caráter destemido. Em declarações exclusivas à tvmais, confessou: “A grande viragem, para aceitar o meu corpo, deu-se nesse programa. Para as outras pessoas pode não ter sido importante, mas para mim não se tratou só de saltar de uma prancha, o importante foi expor o meu corpo novamente. Agora aceito-me como estou”. Esse era, aliás, um dos maiores receios de Nelsa Fonseca, mãe da atriz, que chegou a revelar à nossa revista que, ao ver o estado crítico da filha quando esta ainda estava no hospital, pensava na reação quando se visse ao espelho: “Por mim, aceitava-a de qualquer maneira…”
Pouco tempo depois da explosão, surgiu a hipótese de o incidente se ter tratado, afinal, de uma tentativa de suicídio falhado, o que Sónia nega até hoje: “Nunca tive motivos para me suicidar”. Mas no dia 22 de novembro de 2013, o Tribunal de Oeiras condenava-a a três anos de pena suspensa, pelo crime de libertação de gases asfixiantes, com a juíza a considerar provada a intenção de suicídio por inalação de gás.
Em maio deste ano, voltou ao tribunal. O dono de uma viatura que ficou parcialmente destruída graças à explosão pedia uma indemnização, mas tudo se resolveu no átrio do tribunal, graças a um acordo entre os advogados. Era o fim de um processo que, segundo a própria, “foi longo e custou um bocadinho”.
Entretanto, Sónia refugiou-se na casa de família, onde ainda vive com a mãe, e aguarda novas propostas de trabalho. “Já me sinto mais preparada para trabalhar e tenho saudades de representar”, afirmou recentemente. Convites para televisão ainda não tem, mas isso não a preocupa. Afinal, trabalho é trabalho: “Tenho contas para pagar todos os dias e quero refazer a minha vida. O que vier, virá”. O seu maior apoio, afirma, “são os amigos e a família”, que têm “estado lá sempre”.