Completamente rendida ao filho mais novo, Benjamin, que nasceu no dia 1, Carolina Deslandes inspirou-se e escreveu um texto emotivo dedicado ao recém-nascido:
“Benjamim, meu raio de sol:
O mundo de hoje não deixa que as pessoas acreditem em milagres. O mundo de hoje é feito para as pessoas não acreditarem em milagres e eu acredito que o amor fica mais pequenino quando se deixa de acreditar neles. Poucos dias depois de teres chegado, estou no hospital a embalar-te e da televisão chega a notícia de mais um atentado, vêem-se imagens de pessoas assustadas a correr e ambulâncias com as suas luzes brilhantes e sonoras a chegar de todos os cantos.
Olho para ti e fico com o coração apertado , não vou ter forma de te proteger disto, ninguém tem. Mas pelo menos por agora enquanto cabes na minha mão, vou-te manter aqui quente e seguro e vou-te guardar disto tudo. As mães têm sempre vontade de guardar os filhos numa caixinha porque,como te disse,o mundo já não acredita em milagres e não te vai tratar com o mesmo amor que eu.
Mas sabes uma coisa? Desde que soube ias chegar descobri coisas bonitas da vida. Descobri que ter medo de não ser capaz é também uma forma de amar, descobri que parar é também uma forma de amar e quando soube que ias chegar antes do tempo descobri que rezar é uma forma de amar. Ser tua mãe faz-me agradecer todos os dias pela minha vida, e quando te vi chegar cheio de força, quando te senti pegar na minha mão percebi imediatamente que tinha tanto a aprender contigo. És o meu milagre. Tu és o nosso milagre. Chegaste sem hora marcada e sem aviso e o teu coração já batia mais forte que um tambor, toda a gente dizia e repetia que ia ser arriscado seguir com esta gravidez, que era uma loucura, mas eu não ouvia mais nada para além do teu tambor e já só dançava no teu compasso. Foi uma dança demorada, arriscada e turbulenta a nossa, mas foi uma dança de amor e por amor. Finalmente chegaste, mais cedo mas com um grito na voz que ecoava pelo hospital “estou aqui mãe! Conseguimos”. E eu só queria que o mundo inteiro pudesse assistir aquele momento : o momento em que te pousam no meu peito, em que fazes da minha pele casa e em que nos aninhamos um no outro. É um milagre, o meu milagre. E naquele momento o mundo é palco da maior expressão de amor existente. “