Se se rendesse às dificuldades da própria vida, Rita Salema teria todos os motivos para chorar. Em entrevista a Daniel Oliveira para o programa “Alta Definição”, na emissão deste sábado, 17 de fevereiro, na SIC, a atriz recordou alguns dos momentos mais marcantes da sua vida: do divórcio dos seus pais ao seu próprio divórcio, passando ainda pela morte dos seus dois irmãos, do pai, do tio e da avó, tendo acolhido estes últimos na sua própria casa.
Depois de acompanhar os outros, Rita passou por uma crise nervosa: deixou de andar e esteve internada, afastando-se dos palcos, e foi a filha e o irmão que a levaram para o hospital. Mas nunca desistiu.
Rita também não esqueceu o dia em que viu a sua filha de acolhimento pela última vez. Propôs-se a acompanhar uma menina cabo-verdiana, vinda de uma família numerosa que precisava de apoio, inclusivamente a nível escolar. Apesar dos esforços e da ótima relação que desenvolveu com a sua filha biológica, Francisca (carinhosamente tratada por Kika), e passado um ano, os pais regressaram para a levarem com eles. “[Os pais] devem ter tido um ataque de saudades enorme ou medo de a perder. Telefonaram-me a dizer que os pais estavam cá para vê-la, para estar com ela, e eu tive a certeza absoluta que não a ia ver mais”, recorda acrescentando que, se tivesse oportunidade de voltar a falar com ela, lhe diria que “deixou muitas saudades. Nunca me vou esquecer dela, nem eu nem a Kika”.
Próxima de Nicolau Breyner, desaparecido em março de 2016, admite não ter conseguido assistir a novela que gravou ao seu lado, a “Impostora”, descrevendo-o como alguém generoso.
As dificuldades parecem não ter amargado o seu lado doce. “Tive a melhor família do mundo, tive os melhores pais do mundo, os melhores amigos, os melhores avós. Acho que sou uma priveligiada e tenho a melhor profissão do mundo”, admitiu acrescentado “penso sempre nas coisas boas que a vida me deu, independentemente dos momentos maus”.