
A 19 de março, Dia do Pai, Katia Aveiro usou as redes sociais para escrever um texto emotivo dedicado a José Diniz Aveiro, falecido em 2005.
Leia o texto na íntegra:
A CARTA QUE EU QUERIA ESCREVER AO MEU PAI .
Olá pai. Onde tens andado, que tens o telemóvel desligado? E não tens parado mais lá na esplanada de Santo António (aquilo nunca mais foi o mesmo lugar). Ainda pensei que estavas de novo na tasca do castanha (mas já vi que fechou ). Pai, a Elma não pode andar numa angústia todos os dias á tua procura. Já passei também no campo do Andorinha para ver se andavas por lá ainda com a roupa de jardineiro, aquela farda beje da junta de freguesia, Já ia preparada para te encher a cabeça e dizer que antes podias passar em casa e mudar de roupa, e nada. Ainda pensei que tinhas ido à ribeira à casa da avó, mas já vi que também não, Pai, e viajar? Já não precisas viajar sozinho, agora podes ir no avião do nosso menino, É pai, a vida tem dado muitas voltas (quem diria pai, o teu filho agora até tem um avião), mas isso é o de menos, tenho tanto que te contar, meu abelhinha. Olha pai, a Eleonor já está uma mulherzinha, tens que vê-la a dançar, tão linda. Sabes que já tens 9 netos? Pai, se visses a loucura lá em casa quando nos juntamos todos é uma alegria, é uma benção as crianças. Onde andas pai, que não tens visto os teus netos a crescer. Também tenho um Dinis (em homenagem a ti) em casa e se visses ele e o Cristianinho a jogar à bola… vê se dás um jeitinho e vens vê-los dar uns toques,era uma alegria para eles poderem chamar pelo avô. Olha pai, a Bia já tem carta de condução e o Rodrigo já vai fazer 18 anos. Olha só o que tens perdido. A família não pára de crescer. O Hugo anda pelo museu do Ronaldo, ele mandou pôr algumas fotos tuas por lá, tens que ir ver meu velhinho, estás tão lindo. É pai, olha só o que tens perdido. Mas a gente sempre conta contigo. Vê quando apareces. Hoje é dia do pai, não te comprei nada, desculpa, mas espero que me ligues e faço-te um jantarinho gostoso e bebemos um copinho de vinho juntos. Temos muito que conversar. Não te esqueças velho, a malta morre de saudades tuas, nem calculas o amor que temos por ti. Até os meninos que não te vêm já conhecem-te tão bem. O teu lugar é cativo, esse ninguém te tira. Anda lá pai, não te demores por aí. Beijos pai, os teus filhos e netos cá te esperam. Até um dia.
