
Liliana Campos, de 49 anos, por estes dias, surpreendeu os espectadores do programa “Passadeira Vermelha” ao proferir palavras enigmáticas. Depois desse episódio, a apresentadora sentiu necessidade de se justificar. “Senti, depois daquelas minhas palavras no Passadeira Vermelha, que quando estivesse mais fortalecida falaria melhor com vocês sobre o que vivi e que me levou a precisar de ajuda especializada .
A partida da minha Mãe foi muito dolorosa, pelo sofrimento que presenciei , mas esse não foi o motivo principal“, começou por afirmar, dando, assim, início a um longo desabafado.
“Eu sabia que a Mãe já estava num lugar melhor. Aliás nunca há um motivo, são sempre vários. Quando me dei conta da maldade que existia à minha volta , das mentiras , do estar a contar com um porto que pensei ser seguro , mas que afinal estava completamente minado, de várias tentativas para que eu e o Rodrigo nos afastássemos, fez-me perceber que durante os 4 anos em que juntamente com o meu irmão fomos cuidadores da minha Mãe,tinha mesmo tido a minha vida stand-b ,e não tive tempo, consciência ou capacidade para ver quem me rodeava e da forma como o faziam. Tudo isto acompanhado com o início de um tratamento de fertilização contra o tempo e a menopausa, que para mim estava a chegar precocemente,e que me ia impedir de gerar o bebé que tanto desejava, mas que fui adiando…
Pela minha ginecologista, a Dra Linda Fradique, fui aconselhada a procurar a psiquiatra Dra Ana Peixinho”, revelou.
E continuou o rol de confissões. “Mais uma vez não era só a menopausa que me fazia estar ali, havia muito mais para tratar. Na altura não conseguia ver nada de bom…
Estava numa espiral de DOR.
Soube que precisava de ajuda.
O Rodrigo não sabia lidar com a situação, e eu também não.
Não via saída .
Não tinha força para lutar… para pegar nos cacos e reconstruir o que eu tinha deixado destruírem.
Nessa altura achei que não estava cá a fazer nada.
Se calhar, desaparecer seria o melhor .
Desaparecer para sempre.
Desaparecer daqui.
Desaparecer sem dizer nada a ninguém e ir para o outro lado do Mundo.
O trabalho que já tinha sido o meu escape durante a doença da minha Mãe, continuou a ser muito importante para mim. Não quis baixa, não faltei um único dia.
Ali desligava e por momentos tentava abstrair-me do meu Mundo a desabar. Mas ia para casa e não dormia. Achei que podia ficar maluca por não conseguir descansar.
Recorri a terapias alternativas e apareceram várias pessoas que ainda hoje ocupam um lugar importante na minha Vida – falo do Nuno, do Gonçalo, da Manú, da Rute e da Lisa, cada um por motivos diferentes, mas todos eles de uma importância vital.
As Constelações Familiares com a terapeuta Joana, começaram a aliviar a minha Dor.
Sou-lhe muito grata.
Preciso de voltar a estar com ela para lhe transmitir o quão importante foi e continua a ser na minha Vida. E voltar a fazer aquelas terapias que tanto me ajudaram.
O meu primo Paulo, o amigo que esteve sempre comigo, falou-me da Dra Rosa Basto . Fez-me acreditar que a Dra seria determinante na minha Vida . Acreditei nele, e assim foi.
Na verdade não estive muitas vezes com a Dra Rosa, mas estive sempre que precisei , e sei que temos uma relação para o resto da Vida, quer seja a de paciente com a sua médica , quer seja a de amizade.
( Está difícil terminar este texto. Claro que é pela importância que tem, porque não quero deixar nada por dizer, é porque o poder de síntese nunca foi o meu forte …).
Finalmente termina aqui, esta fase bem resumida da minha Vida…
Sei que vou continuar a precisar de ajuda…porque todos nós precisamos….
Aliás nem sei se Ajuda será a palavra certa.
Devemos encarar as doenças mentais, sem receio de as mencionar, sem receio de falar de uma ida ao psiquiatra ou ao psicólogo,ou mesmo a prática de terapias alternativas.
Não só têm,como devem ser encaradas como todas as outras especialidades médicas.
Se não se julgar,se não se olhar de lado,se não se achar que são coisas de maluquinhos e de gente fraca,sem objectivos e com tempo para gastar….,entre tantas outras formas de descriminar, gozar, estereotipar, esconder por vergonha ou medo de julgamentos , estaremos todos a contribuir,mais que não seja para ajudar o próximo a aliviar algum sofrimento e a reeducar a sociedade.
E se achamos que nada disto tem a ver connosco,porque somos fortes, determinados, perseverantes,então é que estamos realmente enganados .
Eu lembro-me de muitas vezes ter dito que não tinha tempo para ter uma depressão,que isso só acontecia a quem não tinha mais para fazer e que em vez de resolver problemas,os arranjava.
Aprendi da pior maneira, que não é assim,que não é nada disto.”
Por fim, a mulher de Rodrigo Herédia deixou palavras de esperança.
“CORAGEM é assumir que não estamos bem e procurar ajuda,seguir o tratamento por mais duro que seja,ir à Dor e aprender a voltar lá sempre que for necessário.
Para mim não é demais agradecer a ajuda que tive.
E Agradecer também ter conseguido escrever este texto em 3 posts,expondo-me de uma forma que achei nunca ser possível, mas que nesta fase,me fez todo o sentido.
A partilha não foi total.
Para tal teria que mencionar outras situações e outros nomes que por uma questão de respeito não o faço.
Sei também que é importante perdoar,mas para perdoar, eu preciso compreender.Há muita coisa que ainda não compreendi…
Não sou Santa nem tenho vocação para o ser, por isso,este é um dos trabalhos interiores que pode levar tempo.Ou talvez não… dizem-me que quem nos afasta com maldade é porque não merece o privilégio da nossa companhia.
E eu sei que têm razão!!!” ♥️.