Depois cumprir de 14 dias de isolamento profilático, o tempo previsto pela DGS após um contacto com um caso que testou positivo para a Covid-19, Cristina Ferreira voltou à antena da TVI. Recorde-se que a apresentadora esteve com Bárbara Bandeira no “Dia de Cristina”, a 21 de outubro, e a cantora testou positivo ao novo coronavírus no dia seguinte. A diretora de Entretenimento e Ficção da estação de Queluz explicou com detalhes o que aconteceu depois de ter conhecimento da situação e contou tudo no programa “Você na TV!”. “Tive alguns sintomas, mas que não foram de Covid-19. A médica dizia que o stresse e a ansiedade fazem com que as pessoas passem a ter alguns sintomas, que depois são similares e, por isso mesmo, ficamos muito assustados”, começou por dizer Cristina ao lado do ex-companheiro das manhãs, Manuel Luís Goucha.
O contacto direto
A nova acionista da TVI esclareceu os telespectadores e fez questão de tirar dúvidas que são comuns nesta fase.“Estive durante 20 e tal minutos ao lado da Bárbara [Bandeira] a conversar; [mal soube que a cantora testou positivo] fui automaticamente para casa e disse que no dia seguinte decidíamos o que íamos fazer. Contactámos logo o Serviço Nacional de Saúde e disseram que o meu contacto era de alto risco. E é isto que define depois todo o processo. O contacto tinha sido de alto risco, porquê? Porque estive num local ao lado dela, a conversar mais do que 15 minutos e, portanto, a partir desse momento era um isolamento obrigatório de 14 dias”, explicou. As primeiras horas foram de incerteza: “O que senti é muito estranho. A sensação de agora vais para casa, vais lá ficar 14 dias em isolamento e não podes estar com ninguém… é terrível! Por mais que digam que não. É uma sensação de prisão, de jaula, que é muito complicada.”
Sozinha e sem sintomas
As primeiras pessoas em quem pensou foram os seus familiares mais próximos. “A questão foi logo: o meu filho e os meus pais, o que é que vou fazer?” A apresentadora revela que durante o isolamento não teve nenhum contacto. “Estive os 14 dias sem estar com eles uma única vez! Não existia contacto nenhum e acho que é isso que as pessoas devem fazer. O Tiago ficou logo afastado, foi para o pai [António Casinhas] com os meus pais. Não tinha estado com eles, porquê? Porque na quarta-feira o Tiago não dorme em casa mas, sim, com o pai. E quando cheguei a casa ele já não estava. Como fui para casa com a ideia de que podia estar positiva, não estive com eles. Ele estava salvaguardado e os meus pais também.” Cristina ficou tranquila, pois nada indicava que teria contraído a doença. “Não fiquei apreensiva porque não tinha sintomas e não fui tendo. Houve uma altura em que pensei: Bem, se por acaso estiver infetada isto a mim não me deve fazer muito mal. porque não estou a sentir nada do que é grave. Passou a sexta-feira, o sábado, o domingo, chegou a segunda-feira…”
A incerteza
Os primeiros dias de isolamento foram tranquilos, mas o início da semana nem por isso. “Na segunda-feira comecei a sentir umas dores de cabeça e tinha arrepios de frio. Estive sempre em contacto com a médica e não é por ser a Cristina. Pode variar de distrito para distrito, porque podem existir mais casos nuns lados do que noutros, mas as pessoas estão mesmo a fazer tudo aquilo que é possível. Neste momento são milhares de telefonemas e de casos e é muito complicado. A médica ligava-me porquê? Porque é preciso medir a febre de manhã e à noite, pergunta como é que nós vamos estando e vão fazendo toda a análise. E tem de encontrar as cadeias todas e os focos, para que não hajam mais pessoas infetadas.”
O primeiro teste
A apresentadora só se submeteu ao primeiro teste passados alguns dias. “As pessoas que estiveram com alguém positivo e que vão logo a correr fazer o teste e deu negativo… não devem estar descansadas. Têm de passar pelo menos sete ou oito dias depois de ter estado com a pessoa infetada para que seja mais ou menos fidedigno.” Cristina esclareceu ainda o motivo de algumas pessoas ficarem isoladas mais tempo e outras menos. “Porque é que nós que vamos para casa sem sintomas, e supostamente sem darmos positivo, ficamos 14 dias e quem dá positivo fica dez? Quem testar positivo e já não tiver sintomas, ao fim de dez dias o índice de transmissibilidade do vírus é quase nulo, é muito reduzido, por isso não há perigo de essas pessoas infetarem quem quer que seja. Enquanto que para quem está em isolamento o período de incubação pode ir até aos 14 dias. Ou seja, mesmo testando negativo ao fim do oitavo dia, poderia vir a testar positivo depois.”
“Não quero nada disto”
A diretora de Entretenimento e Ficção da TVI solicitou este serviço a um laboratório privado, que se deslocou a sua casa. “Não queria estar a entupir… Tenho esta possibilidade e acho que nós temos de ajudar também. Em vez de ir a um serviço público, onde ia mais uma para a fila, a enfermeira foi lá a casa e fez-me o teste.” A experiência foi menos aterradora do que imaginava. “Sentei-me para fazer o teste da zaragatoa e disse: Não quero nada disto. É muito assustador. Porquê? Porque nas imagens que nós vemos estão a enfiar-nos aquilo pelo nariz, dizem que aquilo vai até ao cérebro, e, portanto, nós ficamos muito assustados. O primeiro, na narina esquerda, deu desconforto, mas não deitei lágrimas, e o da narina direita não me custou nada!”
“Foi muito difícil”
Se a primeira semana foi um sonho, a segunda tornou-se uma provação e a solidão apoderou-se da apresentadora. “Tenho um ritmo de vida alucinante. É de manhã à noite, com tudo a acontecer. Devo confessar que a minha primeira semana de isolamento, sozinha em casa, foi o paraíso. Adorei! Tinha vergonha de dizer às pessoas que estava perfeita, estava ótima. Consegui controlar tudo na mesma, com o computador fazia tudo. O segundo sábado foi muito difícil. Sábado é o dia em que a minha família está reunida. E em que vou andar à Ericeira e sei que estão todos a almoçar… Foi o primeiro dia em que tive uma quebra. Custou-me muito, muito, muito! Já estava há uma semana sem eles, sem o Tiago, sem vir trabalhar”, confidenciou.
Cumprir os 14 dias
Ao 13o dia, Cristina voltou a fazer um novo teste à Covid-19. “Deu negativo! Porque é que vou ficar em casa quando já fiz dois testes que deram negativo? Foi a minha sorte, ter cumprido os dias todos. Chego e a equipa inteira vai para casa! Um membro da minha equipa, o André Manso, tinha zero sintomas. Ele e a mulher estiveram com um caso positivo, fizeram os dois o teste e estão ambos positivos. Se tivesse vindo trabalhar ontem e tivesse estado a almoçar, como nós almoçamos na mesma mesa, hoje voltava 14 dias para casa” , contou a apresentadora, acrescentando como poderão surgir os contágios: “Os locais mais prováveis de infeção são à mesa, seja em família ou nos restaurantes, seja aqui, em equipa, como nós fazemos. Portanto, é à mesa, no convívio social, que acontece. Temos de ter esta noção: não está escrito na cara se temos ou não temos o vírus”. Fica o alerta!
Famosos
|Cristina Ferreira: “o que senti foi terrível”
O afastamento do filho, dos pais
e da sua equipa foi das coisas mais difíceis de (ultra)passar durante o confinamento, como a própria apresentadora o confessa.