
Especialista em medicina interna, José Carlos Almeida Nunes tem dedicado as últimas quatro décadas à medicina e a cuidar dos seus doentes, mas também a partilhar os seus conhecimentos. Presença assídua na televisão, nomeadamente no programa da SIC “Casa Feliz”, tem agora o seu próprio espaço na SIC Mulher, “Médico da Casa”, e acaba de lançar a sua primeira obra, com esse mesmo nome, editada sob a chancela da Contraponto.
O que o levou a escrever este livro?
À medida que a pandemia foi progredindo, as principais doenças que são responsáveis pelas grandes taxas de mortalidade e morbilidade, nomeadamente as doenças cardiovasculares, a hipertensão, a diabetes, o cancro, a obesidade, entre outras, foram passadas para segundo plano. Há cirurgias e consultas adiadas e isso mexeu comigo, gerou-me, como médico e como ser humano, alguma ansiedade e daí a necessidade de emergir um livro, um trabalho que chamasse à atenção para as doenças que referi. Neste momento, a obra torna-se fundamental porque é uma forma de agitar o panorama e retomarmos a normalidade.
É uma forma de alertar as pessoas para determinados problemas de saúde?
Absolutamente. É um livro prático, construído muito à minha imagem e semelhança. Numa escrita simples, de forma a que toda a gente possa entender. Se as pessoas, ao lerem o livro, fizerem metade daquilo que recomendo, vão ter uma excelente saúde.
Há algum método para se ler “O Médico da Casa”?
Não aconselho a lerem o livro de ponta a ponta. Por exemplo, um indivíduo que sofra de diabetes, tem um capítulo onde é feita uma dissecação extensa sobre essa doença. Está dividido em capítulos e não faria dele um romance mas, sim, um livro de pesquisa quando é necessário.

Lida bem com o facto de ser uma figura mediática?
Não me afeta negativamente, mas não tenho qualquer tipo de necessidade de estrelato, zero. A única coisa que quero é, através das minhas atitudes e do meu conhecimento, fazer algum serviço público e contribuir para o bem-estar das pessoas em geral. Mas confesso que o mediatismo me gera alguma ansiedade porque não consigo, por vezes, responder a todas as solicitações que tenho.
Mesmo com esta projeção mediática, continua a dar consultas?
Sim, no meu consultório e também no Hospital dos Lusíadas, em Lisboa. Daí o facto de me ser difícil atender a todos os pedidos. Às vezes, o dia devia ter 48 horas, mas tenho conseguido conciliar tudo. É verdade que tenho sacrificado muitos sábados para conseguir repor algum atraso! Mas este é o meu ADN e tanto eu como a minha família estamos adaptados a esta realidade.
O título do livro é uma associação a “Casa Feliz”…
Sim. Ali sinto-me em casa, aquelas duas almas – a Diana Chaves e o João Baião – são realmente a minha cara. Estou muito feliz por estar na SIC, espero continuar, pois é uma estação em crescimento e que faz serviço público.
A Cristina Ferreira não o tentou levar para a TVI?
Não. Nunca essa questão foi falada. A Cristina é uma mulher inteligente e percebeu que provavelmente eu iria ficar na SIC e nem sequer me abordou nesse sentido. Mas damo-nos muito bem, ainda há pouco tempo trocámos mensagens de estímulo.
Recentemente, foi o anfitrião de uma emissão de “Estamos em Casa”. Gostou da experiência?
Imenso. Como se sabe, tenho agora o meu próprio programa na SIC Mulher e sinto-me à vontade, não fico embaraçado. Mas é outro terreno.
Qual é a opinião da classe médica sobre o seu mediatismo?
Não tive, ao longo deste tempo todo, o mais pequeno reparo de qualquer colega relativo à minha atividade. Pelo contrário, tenho tido vários incentivos para continuar. Penso que tenho feito o que posso para que este binómio médico/doente se estreite mais. O médico não pode estar numa margem do rio e o doente na outra, têm de estar os dois no mesmo barco.