Dona de uma gargalhada fácil e personalidade descontraída, Ana Brito e Cunha diz ser uma mulher “feliz”. Casada com o empresário hoteleiro Afonso Coruche desde 2016, tem um filho de 4 anos, Pedro. Em 2021, a atriz voltou às novelas da TVI na pele de Florinda, em “Festa é Festa”, e, apesar das grandes diferenças entre ela e a sua personagem, há um ponto que as une. “Temos a mesma fé”, revelou no dia em que estação de Queluz encerrou a primeira temporada da história com uma festa na Aldeia Galega da Merceana, cenário da fictícia Bela Vida. E até os rituais de Ana e Florinda são os mesmos. “Ando sempre com um terço na carteira como ela”, contou a atriz, entre risos. Nos últimos tempos, Ana revelou alguns dos desafios que teve de enfrentar na sua vida pessoal, como aquele que atravessou em 2012. Grávida de 11 semanas, descobriu que a sua bebé, que tinha síndrome de Turner, não iria sobreviver. A atriz teve de fazer o parto mais cedo do que o previsto e deu à luz Maria Flor, já sem vida. A fé e a espiritualidade, as mesmas que partilha com Florinda, apoiaram-na nestas situações difíceis. “Ajuda-me imenso ter fé e acreditar na divina providência. As coisas acontecem quando têm de acontecer”, confessou Ana Brito e Cunha, acrescentando que também fez psicanálise para lidar com a situação dolorosa.
Técnicas para falar devagar
Para a atriz, que não já estava nos elencos fixos das novelas há algum tempo, dar vida a esta Florinda foi uma oportunidade para mostrar um lado mais leve da religião. “As pessoas estão muito enganadas. Quando falamos de fé, ou oração, pensam que é uma coisa chata, castradora, prepotente. E não é nada disso. A fé, para mim, é alegria, companhia, confiar, saber que vai correr bem, acreditar. E isto é bom!”, afirmou.Mas a doce Florinda também trouxe grandes desafios à atriz. A empregada de Corcovada é uma mulher calma, que não fala alto, muito estática… tudo o que Ana não é! “Ela obriga-me a sair da minha zona de conforto, a falar devagar, que é uma coisa que não faço, a não mexer o corpo, que é outra coisa que também não faço. Tenho técnicas para falar devagar, para não despachar o texto e para não mexer os braços. E isso ajuda-me a fazer uma mulher mais contida!”, explicou. Ajudou o facto de ter sido educada por duas mulheres do Oeste, a mesma zona onde se grava a novela. “As pessoas que ajudaram os meus pais e cuidaram de mim quando eu era pequenina eram daqui. A Quitéria é da Merceana e a Mila é de uma terra aqui ao lado. Como eu ligo ao espiritual, foi mais uma coisa a dizer: está tudo certo!”
A nova Florinda
Na segunda temporada da novela, a viagem a Paris vai abrir os horizontes à mulher de Bino, personagem de Pedro Alves. “Vai mostrar-lhe o mundo e ela vai perceber que o mundo é grande e é muito mais do que a aldeia da Bela Vida.” Espera-se, por isso, uma mudança de visual e de atitude. E até a atividade sexual com o marido vai melhorar: “Claro que ela vai dar mais atenção ao Bino. Eles adoram-se!” No entanto, esta fase de libertação vai durar pouco e estão previstas grandes mudanças. “Na primeira temporada as mulheres são rainhas e senhoras do pedaço, na segunda vão perceber que têm de dar mais atenção aos maridos. Isto é muito giro, a novela acompanha a realidade. Nós achamos todas que somos umas galarós, mas temos de pôr os pés na terra”, adianta Ana, feliz com a personagem, com a novela, que considera muito “especial”, e com a equipa. “São todos uns bacanos, adoramos estar uns com os outros.” Conter o riso nas cenas é que é tarefa nem sempre fácil, principalmente com Pedro Alves, mas garante que é possível. “Rimos muito nos ensaios, mas o grande gozo, esse sim, é conseguir fazer aquilo a sério”, conclui.