A fazer tratamentos contra um cancro da mama, Virgínia Lopez rapa o cabelo. Em seguida, a escritora e ex-concorrente de “Big Brother Famosos” partilhou a situação nas redes sociais. Juntamente a uma imagem em que surge sem cabelo, escreve um texto emotivo sobre esta fase mais delicada que está a viver.
O testemunho de Virgínia Lopez
“Demorei em decidir se publicava ou não esta foto. Porque é íntima, pessoal, o primeiro registo. Também representa tudo o que estava a sentir.
O meu marido tinha dito que queria ser ele a rapar, em casa, com os meus. O que não me disse foi que estava cheio de medo. Não medo em si de rapar, isso até é relativamente fácil, medo do que viria depois, quando eu me olhasse ao espelho, pela primeira vez.
Decidi que seria um momento divertido. Nada de dramas. Como se estivesse no Jogo da Oca e tivesse aterrado no número do Fleki (isto só para os nascidos nos 80).
Cada vez que ouvia a música Nothing Compares To U, e olhava para a cabeça rapada da Sinead O´Connor, o meu Eu adolescente achava que nunca seria tão corajosa porque… tinha ouvido por aí que só as mulheres bonitas ficam bem sem cabelo… e eu nunca me considerei uma mulher bonita. Portanto, precisava do meu cabelo!”
Virgínia Lopez rapa o cabelo após diagnóstico de cancro
“Nessa noite, já sem ele, com o que não contava era com sentir-me ainda mais bonita, mais leve…. mais livre. Se calhar o ser humano tem demasiados acessórios que lhe impedem ver o que realmente é valioso: a essência.
Não te vou mentir… o doloroso foi uns dias antes, quando passei os dedos pelo meu cabelo e fiquei com ele na mão. Aí sim chorei, enquanto a água do chuveiro levava as minhas lágrimas.
— Amanhã rapo, disse ao meu marido.
Ele respondeu:
— Não preferes esperar mais uns dias?
Não sou de definhar, ou de ficar em barcos que se afundam; eu prefiro atirar-me à água e nadar. Não espero. Decido.
Ainda por cima, o cabelo volta a crescer, o que importa é estar viva. Só que… parece que o cabelo significa tanto… mas as coisas só significam aquilo que nós queiramos que signifiquem. Podemos escolher ficar tristes… eu escolhi a liberdade de ser eu. Despida. Mais verdadeira do que nunca. E, por isso, finalmente, sobre a foto, por tudo o que ela significa, decidi que devia partilhá-la.”