Aos 48 anos, Marco Delgado deparou-se com aquele que é até hoje o maior desafio profissional que experienciou. Em “Prisão Domiciliária” veste a pele do protagonista, Álvaro Vieira Branco, um político ambicioso que foi apanhado numa rede de corrupção e tráfico de influências intitulada “Marinada”. A série do serviço de streaming OPTO tem o primeiro episódio exibido na SIC na noite desta sexta-feira, 23 de abril, depois da novela “Tempo de Amar”.
O ator conversou com a revista TvMais a propósito da série. Leia a entrevista a seguir:
O que nos pode revelar mais sobre a sua personagem?
Tem 51 anos e é natural de Armamar, distrito de Viseu. Licenciou-se em engenharia e foi ex-ministro das Obras Públicas, tem a ambição de chegar a primeiro-ministro. Abandonou recentemente o Governo para chegar à liderança do partido, lançando-se com entusiasmo no circuito da carne assada, para conquistar as concelhias, e no comentário televisivo, para conquistar o País. O seu espaço de comentário tem boas audiências e Álvaro Vieira Branco é um homem popular.
Como é a relação dele com a família?
O Álvaro adora os filhos e respeita a mulher – embora sinta ressentimento pelas suas críticas constantes. Gosta da estrutura familiar e do conforto que o casamento lhe oferece, mas mantém várias amantes com o conhecimento (embora nunca assumido) da mulher. É um macho-alfa. Maquiavélico, frio, ocasionalmente violento, mas também bonacheirão e sedutor. Na esfera pública, é um homem sedutor e calculista, que raramente deixa as emoções levarem a melhor; na esfera privada, é um homem mais genuíno e emotivo. A acrescentar a tudo isto, posso revelar que foi a personagem mais difícil, desafiante, complexa, profunda e arriscada que fiz em toda a minha carreira. E tenho a certeza de que o público concordará comigo quando o conhecer.
Como se preparou para o papel?
Na realidade, não tive muito tempo de preparação. Percebi deste cedo que esta personagem poderia ser um conjunto de traços de personalidades e características de várias outras que fui fazendo ao longo da minha carreira. No entanto, a preparação foi-me facilitada pelo talento e generalidade de três artistas que comigo construíram esta personagem: João Miguel Tavares, o guionista desta brilhante série, Patrícia Sequeira, sem dúvida das realizadoras mais criativas que temos, e Ana Padrão, a diretora de atores que tanto me ajudou. Obrigado.
Como foi fazer este desafio em tempos de pandemia?
Com muitos cuidados. Tivemos a vantagem de trabalharmos sempre no mesmo décor, o Hotel da Lapa, o que facilitou muito as regras de higiene e segurança.
Esta é uma série para a OPTO. Tem pena que não se destine a um público mais abrangente?
Pena, não. Naturalmente gostaria muito que a série fosse vista pelo maior número de espectadores possível. Ao mesmo tempo, estou feliz por fazer parte do nascimento de algo tão corajoso e arriscado como a OPTO. Uma visão do Daniel Oliveira com a qual concordo em absoluto. As plataformas de streaming [distribuição digital] são, definitivamente, o futuro.
Além deste desafio, tem mais algum trabalho em mãos?
De momento não.
Tem algum papel de sonho que nunca tenha tido a oportunidade de interpretar?
Sim tenho. Todos os próximos.