É a agricultora que mais tem dado do que falar desde que há mulheres do campo no programa da SIC. E não é propriamente pelo seu percurso à frente de uma quinta, mas pelo seu passado ligado ao mundo do erotismo e do qual, como fez questão de enaltecer numa entrevista a Júlia Pinheiro, se orgulha. Convidada do programa das tardes da SIC, Marie Brethenouxfalou de tudo sem quaisquer pudores.
Ainda menor de idade, e numa altura em que vivia sozinha em Portugal, já a agricultora trabalhava no mundo da noite. “Comecei a fazer animação noturna aqui em Portugal com 17 anos, mentia na minha idade. Conseguia à mesma estudar e trabalhar só ao fim de semana. Como sempre quis estudar, porque queria mostrar que conseguia ter um diploma, compensava-me mais dançar ao fim de semana só e ganhava o que tivesse a ganhar se fosse trabalhar durante a semana”, explicou. Dois anos depois, em 2008, chegou a ser considerada o “melhor rabo de Portugal” numa iniciativa levada a cabo por uma marca de roupa interior. E isso mudou para sempre a sua vida. É que, já quando regressou a França, de onde é natural, as imagens que corriam a Internet tornaram-se num grande entrave para arranjar trabalho na área do marketing, onde se tinha formado. Recebeu várias negas e até chegou a ser alvo de uma ideia surreal. “Desiludi-me muito. Disseram-me uma vez uqe me davam o trabalho, mas que eu tinha que mudar de nome. O meu curriculum era suficiente para eles, mas era o problema que o meu nome representava. As fotografias não me definem e para isso não quero trabalhar com uma empresa como estas”, lembrou.
Sem alternativa e perante os constantes episódios em que se sentiu vítima de descriminação, Marie decidiu tentar a sua sorte num outro mundo: o do striptease. “Sabia que havia um clube lá em Paris que recrutava raparigas para dançar. Nunca tinha entrado num, não sabia bem ao que ia. Fiz a entrevista, tive que dançar pole dance. Disseram-me que era um bocadinh tímida e que tinha perfil e que podia ganhar o jeito”, recordou. Começou então a trabalhar e durante quase cinco anos por lá se manteve. “Dançava quatro ou cinco noites por semana. Dediquei-me completamente aquilo”, acrescentou. Nesta fase vivia com a mãe, que sabia de tudo o que a filha fazia. “Adorei este trabalho, fui sempre respeitada, pagaram-me sempre, nunca fui explorada. Somos pagas às danças que fazemos e ganhei bem a minha vida lá. Era mesmo um clube sério”. Todavia, chegou a receber propostas inesperadas. “Claro que me pediram para fazer sexo a troco de dinheiro, mas nunca o fiz. E não era o clube que o pedia. Era clientes às vezes que diziam isso e eu dizia que não, não era o meu trabalho. Nunca faria isso, eu era dançarina, proporcionava um momento de fantasia”, elucidou.
Em 2019 com o aparecimento em força de plataformas de venda de conteúdo ousado on-line como o OnlyFans, a estrela da SIC mudou o seu ramo de negócio. “As modelos podem vender o seu conteúdo, em vez de o venderem a uma publicação qualquer. E é isso que eu hoje faço, crio e vendo o fruto do meu trabalho. Reapropriei-me da minha própria imagem. Vi que compensava e não precisava de andar à noite a dançar.Deixei a vida de dançarina e dediquei-me a isso. O que fazia na Penthouse e Playboy faço agora nas minhas páginas. Eu própria me fotografo”, explicou a Júlia Pinheiro, ela que ainda hoje mantém o negócio, que conjuga com a vida no campo.