Os Jogos Olímpicos 2024 já chegaram ao fim mas há atletas que ficam marcados na história desta edição. Mulheres que deram que falar pelas situações mais diversas, desde momentos polémicos a decisões importantes. Veja a seguir algumas delas.
Imane Khelif, a pugilista argelina que foi acusada de ser um homem
Um dos episódios mais emblemáticos foi protagonizado pela pugilista argelina, Imane Khelif, que fez a rival italiana, Angela Carini, desistir do combate após apenas dois murros.
A atleta argelina acabou por ser acusada de ser um homem, não só devido ao facto de, fisícamente, não ser evidente o seu sexo, mas também devido às declarações de Angela Carini que, para justificar a sua rápida retirada do combate, afirmou que nunca tinha sido atingida com “tanta força na vida”, o que levou a que as redes sociais fervilhassem com acusações de que Imane Khelif seria um homem ou uma mulher transgénero.
The Olympics allowed a biological man, Imane Khelif, to fight as a woman despite his XY chromosomes. The end result?
— Robby Starbuck (@robbystarbuck) August 1, 2024
“I have never been hit so hard in my life.”
Italian Olympian Angela Carini lasted 46 seconds before quitting due to how painful it was. It’s just shameful that… pic.twitter.com/OWhKggM7qe
A verdade é que estas alegações não têm fundamento e a delegação argelina já veio dizer que a atleta tem uma condição chamada hiperandrogenismo, uma condição em que existem níveis altos de andrógenos, hormonas masculinas, mas que esta condição não faz de Khelif um homem. Também o Comité Olímpico Internacional garantiu publicamente que a argelina cumpria todos os requisitos necessários para participar da competição de boxe feminina.
A atleta acabou por ganhar a medalha de ouro na final de boxe feminino dos jogos olímpicos de 2024, apesar dos protestos contra a sua participação nesta categoria.
Imane Khelif is an Olympic finalist….contending for a gold medal….in women’s boxing….as a male.
— Riley Gaines (@Riley_Gaines_) August 6, 2024
Why have women’s sports at all if any mediocre male can compete in them?pic.twitter.com/MO2t1lVVnP
Sharon Firisua, a maratonista que participou no sprint
Talvez um dos episódios que irá ficar para a história dos jogos olímpicos de 2024, seja a escolha de Sharon Firisua para competir na corrida de sprint dos 100 m.
A atleta foi a escolhida pela delegação das Ilhas Salomão para participar neste evento, o único problema? A especialidade da atleta é a corrida de maratona e não de sprint. E, tal como seria de esperar, assim que o tiro anunciou a partida, ficou aparente que Sharon Firisua estava fora do seu elemento. A atleta terminou em último lugar com um tempo de 14,31 segundos, um recorde pessoal para a atleta, mas longe de ser suficiente para vencer a competição.
A participação da maratonista nesta categoria desportiva aconteceu porque foi atribuída às Ilhas Salomão uma wild card, um mecanismo implementado para permitir que nações mais pequenas consigam ter representatividade nos jogos olímpicos, mesmo que os seus atletas não tenham sido apurados.
Isso, somado ao facto de ter existido um erro administrativo da parte da federação de atletismo das Ilhas Salomão, que devia ter inscrito Jovita Arunia, campeã nacional nos 100 metros, fez com que Sharon Firisua fosse a escolhida para a corrida de sprint, de acordo com o site Mais Futebol.
Kimia Yousofi, a atleta que deixou um aviso aos talibãs
Já Kimia Yousofi, a velocista que representou o Afeganistão, participou nos 100 m de sprint, com um tempo de 13, 42 segundos no Stade de France. Foi na altura em que terminou a prova que retirou o dorsal e o virou, mostrando uma mensagem escrita à mão: “Educação. Desporto. Os nossos direitos”, podia ser lido no papel.
Um ato que serviu como forma de protesto contra o tratamento do regime Talibã no Afeganistão contra as mulheres.
Em conclusão, o país da velocista é um dos locais que colocou as medidas mais repressivas contra os direitos das mulheres no mundo. Nesse país, todas as pessoas do sexo feminino estão impedidas de frequentar a universidade ou de trabalhar em organizações não-governamentais. O regime fechou até mesmo escolas secundárias às raparigas e tomou outras medidas igualmente nocivas contra esse género.