Nunca trabalharam juntos nem tão-pouco se conheciam, mas Ângelo Rodrigues e Rui Neto foram escolhidos pela SP Televisão e pela SIC para interpretarem o casal homossexual de “Sol de Inverno”. “Antes de começarmos a trabalhar, tivemos ensaios durante três meses e foi aí que começámos a criar química um com o outro”, recorda Rui Neto, o Nuno da trama. Para Ângelo Rodrigues, que faz de Simão, os primeiros meses de trabalho foram complicados. “Só me apaixonei pelas nossas personagens quando a novela estreou”, lembra. E, segundo o ex-“moranguito”, habituado a papéis de galã, o público também estranhou. “As pessoas ficaram espantadas por estar a fazer este tipo de personagem.” Para o ator, não foi fácil fazer as cenas íntimas. “Quando as vi na televisão, dei por mim a sentir-me quase constrangido com uma cena em que abraçava o Rui Neto por detrás e lhe dava um beijo. Eu que pensava que não tinha tabus, afinal tinha!”, revela.
Porém, não se pense que o casal terá muitas mais cenas do género. “O que se pretende agora é caminhar a história para a adoção. O Simão e o Nuno vão adotar uma menina. É mais fácil as pessoas aceitarem a relação de dois homens pelo lado do afeto e de criação de uma família do que existir uma relação mais física e de repente adotarem”, explica Rui Neto. Mesmo assim, o público espera ver mais carinho entre o casal. “Nas redes sociais, os homossexuais pedem-nos para que haja mais cenas de beijos e toques”, explica Ângelo Rodrigues.
Os atores referem que, para já, não se sentem a fazer história na televisão, mas, na verdade, é a primeira vez que uma novela vai abordar a questão da adoção de crianças por parte de um casal homossexual. “Fico sempre surpreendido com o povo português. Nas pequenas decisões estamos muito à frente de alguns países que idolatramos, como é o caso do Brasil”, considera o namorado de Iva Domingues. No entanto, tanto o Simão como o Nuno da trama acham que, quando as cenas referentes à adoção surgirem, vão ter problemas. “Nunca tive qualquer tipo de crítica negativa, mas vai haver quando adotarmos a menina. As pessoas são tolerantes em relação à homossexualidade; em relação à adoção é diferente”, concluem.