Fã incondicional da arte de tatuar, Fernando Daniel não esconde que o estatuto de estrela fez com que lhe fosse mais “acessível” dar asas a esta paixão. “É verdade que este é um vício caro e felizmente tenho algumas pessoas que me oferecem ou que me fazem preços mais acessíveis”, revela, crente que, se assim não fosse, já tinha gasto algumas centenas de euros para pintar o corpo. Mas, ao contrário do que se possa pensar, o cantor não marca o corpo só por que sim. Com 12 desenhos “escolhidos a dedo”, o artista tem várias histórias para contar.
E como tudo começou? “Tinha 16 anos quando fiz a primeira. É uma tatuagem que já não tenho”, recorda, confessando que para a conseguir teve de convencer o progenitor. “Lembro-me que o meu pai concordou que fizesse uma coisa que não me arrependesse e propôs que tatuasse o nome pelo qual toda a gente me chamava: Nando!” No entanto, os anos trouxeram-lhe outros pontos de vista e “a tatuagem imatura” foi substituída a posteriori por uma “casa chinesa, símbolo da prosperidade em casa, do bom ambiente junto da família que espero vir a criar”.
Mas, entretanto, vieram outras. “A segunda que fiz foi a carpa”, confessa, sublinhando que o simbolismo está intimamente ligado não só com uma paixão do progenitor, a pesca, mas também com desejos futuros: “Esta espécie representa também a sorte e prosperidade, sendo que a cor com que se pinta refere-se a determinada área da nossa vida, mas como não tenho uma em particular, decidi que seria a preto”. Supersticioso por natureza, Fernando Daniel optou por continuar nessa linha.
Seguiu-se a rosa-dos-ventos. “Foi a terceira e simboliza orientação. Andei perdido na minha adolescência, mas quando soube aquilo que realmente queria, e quis agarrar a música com unhas e dentes, decidi tatuar algo para me guiar e ajudar a seguir os caminhos certos”, recorda.
Com o braço direito completamente tatuado, ainda lhe sobra, contudo, muito espaço para continuar a encher a tela em que se tornou o seu corpo. Mas, porquê o braço e não outro local? O cantor explica: “Como tatuei memórias, sonhos e homenagens, quero poder olhar para elas e recordar. Quero continuar a tatuar coisas que me são importantes. Fazer as homenagens em vida e não deixar as pessoas ir embora sem que lhes diga o quanto gosto delas. Se a pessoa me marcou, porque não deixá-la marcada no meu corpo”. Assim surge um leão, que representa o signo da mãe, Maria do Céu.
Ainda mais duas homenagens: ao pai, Fernando, e ao “avô do coração”, Aníbal. Sem dar particular destaque a qualquer uma delas, o cantor fala na última – uma andorinha a segurar um papiro com o nome do “avô” – com particular carinho. “Quando era miúdo, diziam-me que estas eram aves divinas e por isso decidi associá-la a este senhor, que não sendo da minha família foi uma pessoa que nos ajudou bastante e se tornou alguém muito importante para mim”, recorda com a voz embargada e lágrima ao canto do olho. Ainda que Aníbal não possa acompanhar o seu sucesso, uma vez que faleceu antes de Fernando alcançar o seu sonho, o intérprete de “Espera” não esconde o apoio “incondicional” que ele lhe dava. “Sempre me disse muito para lutar pelos meus sonhos. Dizia-me: Eu sei que tu consegues.”
Com particular emoção, falou-nos ainda do único desenho colorido. “É o olho do meu pai com uma cicatriz – uma vez que são as mazelas que nos fazem crescer e ser mais fortes –, que lembra o acidente que ele teve quando eu tinha 10 anos e o deixou em coma durante duas semanas”, um episódio que o marcou e aproximou ainda mais do progenitor. “Ele é o meu exemplo de força, deu cor à minha vida!”, confessa.
Fernando tem ainda tatuado um microfone com uma dedicatória muito especial. Apaixonado pela música, o cantor não esquece que a caminhada tem sido feita com o suporte da namorada, Sara, com quem está “há dois anos”. “Quando tatuei o microfone no sítio onde por norma está a marca pus um ‘S’, porque, apesar de este ser o meu sonho, a Sara motiva-me imenso”, diz, crente que a sua mais-que-tudo é a mulher da sua vida: “Não tenho dúvidas!” Mas não é a única. “As minhas irmãs são duas pessoas muito importantes para mim, e a próxima tatuagem provavelmente será para elas: duas rosas”, confessa.
O mapa-mundo foi a quinta tatuagem que fez mas é “a mais especial”. “Foi feita antes de ir ao The Voice”, começa por contar, lembrando que a sua “prova cega” foi, “em 2016, a mais vista em todo o mundo”. “Sempre que olho para ela lembro-me desse momento. Parece que está aqui o sucesso dessa etapa”
No primeiro lugar do top nacional de vendas há duas semanas consecutivas, o jovem não se deixa deslumbrar e, para se lembrar sempre de onde veio, Fernando Daniel fez questão de escolher alguns elementos que o remetam para as suas origens.
No entanto, o cantor idealiza voos mais altos: o mundo! Tal e qual o que tatuou no interior no braço antes de concorrer ao programa da RTP. “Para mim, é a mais especial. Fiz antes de ir ao The Voice Portugal”, lembrando a história por detrás da mesma.
“Além de querer conhecer o mundo a fazer aquilo de que gosto, gostava que o meu trabalho fosse reconhecido mundialmente, e foi engraçado que a minha ‘prova cega’ acabou por ser a mais vista em todo o mundo, em 2016, e sempre que olho para ela lembro-me desse momento. Parece que está aqui o sucesso daquela etapa”, finaliza.